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MATINÊ NO PRIVÊ
GAROTOS FAZEM EXCURSSÕES PARA PERDER A VIRGINDADE COM UMA PROFISSIONAL DO SEXO
DÉBORA YURI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Tem grana? 480 hoje?"
Esse é um chamado comum nos corredores do Dante Alighieri, colégio de classe
média alta no bairro dos Jardins, em São Paulo.
"480" é o codinome de um
bordel que fica em rua próxima, no mesmo número. A
grana é para pagar a garota
de programa, ou "GP", no vocabulário local. A tradição é
ir sempre "em galera".
"Minha primeira transa foi
com uma GP, por aqui. Eu tinha 16 anos. Fui com uns
amigos, e a prioridade era
minha, porque eu era virgem", conta Pedro*, 17.
"Meus amigos disseram: "Você pode ficar com a mais bonita, escolhe"."
Perder a virgindade num
privê com amigos do colégio
é costume para muitos meninos. "A ideia vai amadurecendo aos poucos. Na 7ª série, a gente ouve falar. Na 8ª,
começa a combinar de ir. No
1º e no 2º ano, o pessoal vai
muito", admite Daniel*, 17.
A sessão matinê geralmente rola logo após a aula ou no
intervalo para o curso de inglês. Variações são encorajadas: além do "480", há o
"175", o "237"...
"Vamos depois do almoço,
que é a hora dos executivos
da Paulista", detalha Pedro.
Segundo Daniel, o fato de
as GPs estarem "acostumadas a atender alunos" dá
mais segurança aos virgens.
Frequentador do "175",
Caio*, 15, teve a primeira
transa lá aos 13 anos. "Fui
com dois amigos do colégio.
Você entra na casa, espera na
salinha, a cafetina pergunta:
"Já sabe quem você quer?". Se
não sabe, todas passam na
sua frente, e você escolhe",
conta ele, que não gosta de
chamar as meninas de prostitutas. "Eu falo GP."
Às GPs, só elogios. "Elas
são gente boa. O programa é
R$ 70 por meia hora, eu já
chorei, falei que era estudante, e elas fizeram por R$ 40."
"Desde a 8ª série, transei
com umas seis, sete GPs. A
minha primeira vez foi com
uma, quando eu tinha 14
anos", diz Fred*, 17, que estuda no Bandeirantes, outro
colégio de jovens endinheirados para quem as matinês
no privê são corriqueiras.
Rodrigo*, 18, também perdeu a virgindade assim, aos
15 ("Meus amigos me levaram"), e virou habitué de casas próximas aos metrôs Ana
Rosa e Paraíso. "Contei para
os meus pais. Eles falaram
para eu tomar cuidado, mas
sempre uso camisinha."
Cliente das mesmas casas,
mas aluno do cursinho Etapa, André*, 17, se orgulha de
ter ajudado na iniciação de
um amigo. "Ele já tinha 18
anos e era o único virgem da
turma, então, o levamos."
"Com uma GP, o nervosismo é menor", diz Sandro*,
17, "porque, nessa idade, você não domina muito a arte".
Mas o ideal, para ele, seria
que a primeira vez rolasse
com uma namorada.
"É mais legal com a namorada. Você tem cuidado, é
uma troca maior", compara.
André faz coro: "Tem mais
carinho". E todos concordam: camisinha sempre!
* Nomes trocados
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