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A top master indie
Karen O ao vivo é um estouro!
Foi assim no mês passado na Irlanda. Deve ser assim neste
fim de semana no Brasil
Divulgação
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O guitarrista Nick Zinner, a vocalista Karen O e o baterista Brian Chase sentam em pães de forma... |
THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A DUBLIN
Karen O está com o
microfone enfiado
na boca e sendo
ovacionada por 30
mil pessoas. Sua
banda, Yeah Yeah Yeahs, acabara de tocar "Date With the
Night". Ela corre de um lado a
outro do palco, chuta o ar, grita
e rola no chão. Sem ter mais o
que fazer, quase engole o microfone. Isso nos três minutos
de duração da música. Difícil
acreditar que é a mesma pessoa
que, há duas horas, estava sentada, encolhida, com uma xícara de chá verde nas mãos.
Parece que Karen O reserva
todas as suas energias para os
shows do YYY. No camarim do
grupo no Electric Picnic, festival que reuniu na Irlanda, no
início de setembro, gente como
Bloc Party, New Order, Devendra Banhart e DJ Shadow, há
queijos, algumas garrafas de vinho (fechadas) e de água mineral (abertas). É aqui que Karen,
o guitarrista Nick Zinner e o
baterista Brian Chase falam
com jornalistas brasileiros.
"É uma loucura isso, não
sei...", diz ela, bem baixinho, sobre a transformação pela qual
passa antes de cada apresentação. "Acho que acontece 15 minutos antes de subir ao palco,
com todos se preparando. O
show é meu momento mais forte e apaixonado. Talvez porque
não há garantia de que um
show ocorra de forma perfeita,
depende de tanta coisa, especialmente do público."
Se é assim, o sucesso das
apresentações do YYY no Brasil depende muitos dos fãs que
forem à Marina da Glória, no
Rio, no sábado; ao Tom Brasil
Nações Unidas, em São Paulo,
no domingo; e à pedreira Paulo
Leminski, em Curitiba, no dia
31, dentro do Tim Festival.
Uma das principais referências femininas da nova geração
de roqueiras, inspiração até para o visual e o cabelo de adolescentes, Karen O se espanta
quando é informada de que, no
Rio, tocará depois de Patti
Smith, ícone do punk americano dos anos 70. "Sério? Ah, meu
Deus, isso é muito legal. Ela é
uma das maiores artistas femininas, muito inspiradora."
No palco, o YYY ganha a adição de outro guitarrista, o que
dá mais corpo às músicas. O
show tem momentos do primeiro álbum, "Fever to Tell"
(2003), como "Pin" e a destruidora balada "Maps", mas são as
canções de "Show Your Bones",
lançado neste ano, que dão brilho à apresentação.
O mais recente álbum traz o
YYY garageiro, cru, mas também com pinceladas de rock
tradicional e de new wave. "O
segundo disco é mais variado",
afirma Karen. "Nós três trabalhamos mais juntos, queríamos
nos mover para a frente, fazer
algo diferente." "Nossas músicas têm várias contradições",
diz Nick Zinner. "Não me importa se chamam de indie, alternativo ou mainstream."
Com as estripulias de Karen
O, "Gold Lion", "Phenomena",
"Way Out" e "Cheated Hearts"
são ainda mais vigorosas ao vivo. Esta última, lançada como
single, tem clipe com a participação dos fãs da banda -o YYY
pediu que o público mandasse
vídeos caseiros como se estivessem encarnando os integrantes da banda.
"É dessa forma que gostamos
de agir, preferimos assim do
que deixar nas mãos de outras
pessoas. Queríamos saber o
que nossa música significa para
nossos fãs, a reação deles", conta a vocalista. "Os fãs são uma
importante parte do que somos, do que construímos."
Os alicerces que sustentam o
Yeah Yeah Yeahs foram levantados no início dos anos 2000,
com a popularização de novas
bandas roqueiras como White
Stripes, Strokes, Radio 4 e Interpol -as três últimas, de Nova York, como o YYY. "Foi uma
época boa [na cidade], com
bandas ótimas. Era o lugar e
hora certos para formar uma
banda", afirma Brian Chase.
Tímida, falando devagar e
com um monte de "like" [o nosso "tipo"] no meio das frases,
Karen O fala ainda sobre:
1) a comparação com Chrissie Hynde, que ficou famosa
com os Pretenders: "Gosto dela, mas não é das minhas cantoras favoritas";
2) sobre os cocos que estão
na mesa do camarim: "Queria
coco verde, mas eles não tinham. Adoro cocos!".
O jornalista THIAGO NEY viajou a convite
da produção do Tim Festival
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