São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2006

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A top master indie

Karen O ao vivo é um estouro! Foi assim no mês passado na Irlanda. Deve ser assim neste fim de semana no Brasil

Divulgação
O guitarrista Nick Zinner, a vocalista Karen O e o baterista Brian Chase sentam em pães de forma...


THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A DUBLIN

Karen O está com o microfone enfiado na boca e sendo ovacionada por 30 mil pessoas. Sua banda, Yeah Yeah Yeahs, acabara de tocar "Date With the Night". Ela corre de um lado a outro do palco, chuta o ar, grita e rola no chão. Sem ter mais o que fazer, quase engole o microfone. Isso nos três minutos de duração da música. Difícil acreditar que é a mesma pessoa que, há duas horas, estava sentada, encolhida, com uma xícara de chá verde nas mãos.
Parece que Karen O reserva todas as suas energias para os shows do YYY. No camarim do grupo no Electric Picnic, festival que reuniu na Irlanda, no início de setembro, gente como Bloc Party, New Order, Devendra Banhart e DJ Shadow, há queijos, algumas garrafas de vinho (fechadas) e de água mineral (abertas). É aqui que Karen, o guitarrista Nick Zinner e o baterista Brian Chase falam com jornalistas brasileiros.
"É uma loucura isso, não sei...", diz ela, bem baixinho, sobre a transformação pela qual passa antes de cada apresentação. "Acho que acontece 15 minutos antes de subir ao palco, com todos se preparando. O show é meu momento mais forte e apaixonado. Talvez porque não há garantia de que um show ocorra de forma perfeita, depende de tanta coisa, especialmente do público."
Se é assim, o sucesso das apresentações do YYY no Brasil depende muitos dos fãs que forem à Marina da Glória, no Rio, no sábado; ao Tom Brasil Nações Unidas, em São Paulo, no domingo; e à pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, no dia 31, dentro do Tim Festival.
Uma das principais referências femininas da nova geração de roqueiras, inspiração até para o visual e o cabelo de adolescentes, Karen O se espanta quando é informada de que, no Rio, tocará depois de Patti Smith, ícone do punk americano dos anos 70. "Sério? Ah, meu Deus, isso é muito legal. Ela é uma das maiores artistas femininas, muito inspiradora."
No palco, o YYY ganha a adição de outro guitarrista, o que dá mais corpo às músicas. O show tem momentos do primeiro álbum, "Fever to Tell" (2003), como "Pin" e a destruidora balada "Maps", mas são as canções de "Show Your Bones", lançado neste ano, que dão brilho à apresentação.
O mais recente álbum traz o YYY garageiro, cru, mas também com pinceladas de rock tradicional e de new wave. "O segundo disco é mais variado", afirma Karen. "Nós três trabalhamos mais juntos, queríamos nos mover para a frente, fazer algo diferente." "Nossas músicas têm várias contradições", diz Nick Zinner. "Não me importa se chamam de indie, alternativo ou mainstream."
Com as estripulias de Karen O, "Gold Lion", "Phenomena", "Way Out" e "Cheated Hearts" são ainda mais vigorosas ao vivo. Esta última, lançada como single, tem clipe com a participação dos fãs da banda -o YYY pediu que o público mandasse vídeos caseiros como se estivessem encarnando os integrantes da banda.
"É dessa forma que gostamos de agir, preferimos assim do que deixar nas mãos de outras pessoas. Queríamos saber o que nossa música significa para nossos fãs, a reação deles", conta a vocalista. "Os fãs são uma importante parte do que somos, do que construímos."
Os alicerces que sustentam o Yeah Yeah Yeahs foram levantados no início dos anos 2000, com a popularização de novas bandas roqueiras como White Stripes, Strokes, Radio 4 e Interpol -as três últimas, de Nova York, como o YYY. "Foi uma época boa [na cidade], com bandas ótimas. Era o lugar e hora certos para formar uma banda", afirma Brian Chase.
Tímida, falando devagar e com um monte de "like" [o nosso "tipo"] no meio das frases, Karen O fala ainda sobre:
1) a comparação com Chrissie Hynde, que ficou famosa com os Pretenders: "Gosto dela, mas não é das minhas cantoras favoritas";
2) sobre os cocos que estão na mesa do camarim: "Queria coco verde, mas eles não tinham. Adoro cocos!".


O jornalista THIAGO NEY viajou a convite da produção do Tim Festival


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