Sem beleza ou carisma, é preciso um talento descomunal para sobreviver no showbiz.
Pense em qualquer grande banda da história do rock. Tente achar alguma que tenha se destacado só pela música. Existem, mas são poucas.
Nirvana sem Kurt Cobain, com aquela cara de anjinho "junkie"? Rolling Stones sem os lábios de borracha de Mick Jagger? Led Zeppelin sem o macho/bicha Robert Plant nos vocais? Beatles sem John e Paul? New Order sem Peter Hook arrastando seu baixo no chão? O Gossip sem a imensa Beth Ditto? Sem chance.
No parágrafo acima, a regra. Vamos falar de uma exceção: a banda inglesa Hot Chip, de Putney, uma espécie de Osasco londrina.
O brother Paulo Cesar Martin insistiu: eu tinha de ouvir a nova dos caras, "Take It In", que pode ou não ser o primeiro single do álbum que vem por aí, "One Life Stand" (belo nome).
A música, com uma foto da banda, está aqui: is.gd/4Z0YF. O visual (ou melhor, a falta de) do Hot Chip é de vendedores de seguros. A banda existe há dez anos, e melhora a cada dia.
Alexis Taylor, o vocalista principal, não pegaria ninguém nem em sonho, se não estivesse numa banda. Nanico, feio de doer, todo atrapalhado no palco, com muito pouca voz. Mas aí você escuta o Hot Chip e vê que, no caso deles, não importa. O som continua impecável.
"One Life Stand" mostra o Hot Chip mergulhando no mundo mais soturno do synth pop, estilo Depeche Mode. Taylor canta agora em um registro mais grave, e os sintetizadores estão bem menos "dancey".
Feios, caipiras, com carisma zero, sem noção de visual (um deles tem barba tipo indie sambista, pelamor), os cinco do Hot Chip seguem muito vivos, exceções que confirmam a regra.

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"Take It In", Hot Chip
Se tivesse um vocalista mais bala, seria uma canção perfeita. Mas já é ótima como está: is.gd/4Z0YF.

LEIA EM PAPEL
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