São Paulo, segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

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Tempo de protesto

Dezembro foi mês de protestos estudantis no mundo; no Brasil, movimento sofre com desmobilização e assédio de partidos políticos

Umit Bektas/Reuters
Estudante durante protesto na Turquia

DIOGO BERCITO
IURI DE CASTRO TÔRRES
DE SÃO PAULO

Dezembro de 2010. Um jovem de 26 anos coloca fogo no próprio corpo, na Tunísia, dando início a protestos. Em janeiro, cai o ditador Ben Ali, no poder há 23 anos.
Nos últimos dois meses, protestos reuniram milhares de jovens em países como Reino Unido, França, Grécia, Itália, Turquia e Venezuela.
Enquanto o movimento estudantil ressurge mundo afora, no Brasil, ele segue tímido: não reúne quantidade expressiva e sofre descrédito por conta do assédio ou da ligação com partidos políticos.
Há menos de um mês, em Brasília, apenas 80 jovens foram ao Congresso Nacional reclamar do aumento de 62% no salário de parlamentares.
Em São Paulo, o Folhateen acompanhou manifestantes nos dias 13 e 20, em passeatas contra a nova tarifa do ônibus (R$ 3). Os protestos foram organizados pelo Movimento Passe Livre.
No dia 20, segundo o primeiro-tenente da Polícia Militar André Zandonadi, 3.000 pessoas estavam na Paulista.
Era a primeira manifestação de Gabriel Casnati, 16. "É uma causa que merece. Vi que isso vai me afetar."
A reportagem encontrou por acaso o estudante Daniel Cabrel, 17, que foi do grupo de apoio do Folhateen. Ele estava em sua sexta manifestação. "É um jeito de levantar a bunda da cadeira e dizer "não quero mais isso'", diz.
Durante os atos, participantes reclamavam da baixa adesão e da presença ostensiva das bandeiras de partidos políticos, apesar de o MPL declarar ser apartidário.
"Há pessoas ligadas a partidos, mas a passagem de ônibus atinge toda a população", diz Bárbara Borba, 23.
Para Ricardo Caldas, cientista político da Universidade de Brasília, quando os movimento sociais são usados como ferramenta política, suas causas se enfraquecem. "Hoje, a juventude é menos politizada, menos mobilizada e vai menos às ruas."
Para Christina Andrews, cientista social da Universidade Federal de São Paulo, é próprio da juventude lutar por igualdade. "A motivação é a mesma há 30 anos."
"É importante que os jovens saiam às ruas", diz Caldas. "Isso mantém o senso crítico da sociedade e aponta novas lideranças políticas."


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