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RAINHAS DOS GIBIS
HQs japonesas desbancam as super-heroínas ocidentais na preferência das garotas
Manga Rosa
Tuca Vieira/Folha Imagem
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Anita Cavaleiro de Macedo, 15, que tem mais de cem exemplares de histórias em quadrinhos |
ADRIANA FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se depender das garotas, as heroínas de
quadrinhos que se apertam em roupinhas minúsculas, entre elas, bonitonas
clássicas como a Mulher-Maravilha e
Vampirella ou mesmo a anti-heroína
Elektra, estão com os dias contados.
Isso não quer dizer que as moças não se
interessem por HQs, muito pelo contrário. É que, dos anos 90 para cá, meninas
de todas as idades correram para as bancas encantadas pelos olhos grandes e aflitas para descobrir qual a nova aventura
de seu personagem favorito de mangá.
Desde que começaram a ser editados
no país, os quadrinhos japoneses conquistaram milhares de fãs e estouraram
entre as meninas, principalmente porque são como novelinhas, com começo,
meio e fim, e têm histórias muito próximas às de seu dia-a-dia.
As personagens dos mangás "Sakura
Card Captors" (JBC Editora) e "Fushigi
Yûgi" (Conrad), por exemplo, são as
preferidas de Juliana Fernandes, 15. "São
meninas mais ou menos da minha idade
e com problemas parecidos", conta ela.
E que tretas são essas que acontecem
com garotas do outro lado do mundo e
com as daqui? "A Sakura tem dificuldade
em aprender matemática, como eu, mas
no final ela acaba passando de ano. Eu
também", explica Juliana.
Antes de conhecer os mangás, a maioria era fã de personagens da Turma da
Mônica. Marcela S. Peris, 15, tinha uma
coleção "gigantesca" dos personagens de
Maurício de Souza, mas acabou trocando Mônica, Magali e companhia pelos
esquisitos Pokémons, quando o "anime"
(desenhos animados japoneses) estreou
na TV.
Compartilhar o gosto pelos quadrinhos
pode ser um problema. "Os outros zoam
muito, acham que gostar de animação é a
mesma coisa que gostar de Pikachu", reclama Marcela que, além de sua melhor
amiga, Sara, conversa sobre as HQs com
os colegas que fez participando de fóruns
na internet.
Além da rede, são em encontros como
o "Animecom" que as garotas têm a
chance de cruzar com outras que, como
elas, empenham parte da mesada em
HQs. Esperados o ano inteiro, os festivais
são ocasiões especiais. É a hora de tirar do
armário a peça preparada para o "Cos
Play" (do inglês "costume play"), ou seja,
a fantasia que vai deixá-la igual ao personagem predileto.
Desde janeiro, Lilian Stocco prepara
sua roupa de Sakura e a de outros sete
amigos, para o evento de 2003. "É a melhor sensação do mundo, as pessoas lhe
idolatram quando você chega ao festival", conta Lilian. Ela compra de dez a 15
HQs por mês e, de sua coleção com mais
de 800 revistas, 250 são mangás.
Lilian também tem CDs com as trilhas
sonoras dos "animes", assiste a alguns
desenhos animados falados em japonês e
já sabe algumas frases no idioma. "É como o inglês, com o tempo você se acostuma", afirma.
Poucas são as que como Anita Cavaleiro de Macedo, 15, gostam de quadrinhos
da velha-guarda. No caso dela, os escolhidos são os da Marvel, como Homem-Aranha e os X-Men. Anita lê HQs desde
os dez anos e chega a gastar 60% de sua
mesada comprando de quatro a cinco revistas por mês. "Tenho cento e poucos
quadrinhos e gosto muito dos personagens do Neil Gaiman (autor do clássico
"Sandman")", conta.
Mesmo ela não resistiu aos mangás e
"animes". Seus preferidos são os que tratam de histórias de vampiros como
"Vampires Princess Miyu", "Vampire
Hunter T" e "Blood -The Last Vampire".
Anita também desenha e já criou seu
próprio personagem, um vampiro que se
alimenta de energia.
Além do universo mangá, uma nova febre entre as garotas é a revista "Witch"
(publicada pela Abril), que traz a história
de cinco bruxinhas. Quando "não tem
nada para fazer", Luiza Nestlehoner, 12,
acompanha as peripécias das cinco meninas. "Antes não ligava muito, mas agora já tenho mais de cem gibis", diz Luiza.
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