São Paulo, segunda-feira, 24 de maio de 2004

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ESTANTE

Microcontos num mundo complexo

LUÍS AUGUSTO FISCHER
COLUNISTA DA FOLHA

Uma ótima pedida para leitura é a antologia "Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século", que Marcelino Freire organizou. O título é uma brincadeira evidente com a seleção dos cem melhores contos brasileiros, reunidos dois anos atrás por Ítalo Moriconi.
Marcelino convidou muitos escritores a mandarem contos com, no máximo, 50 letras. Isso mesmo: não 50 palavras, mas 50 letras. A base do convite foi um clássico conto do escritor guatemalteco Augusto Monterrosso, autor da seguinte pérola: "Quando acordou, o dinossauro ainda estava ali".
Isso é um conto mesmo? Sim, é claro que é: tem personagens (o sujeito que acorda e o dinossauro), um enredo (o confronto entre os dois) e um desfecho (a consciência que ele tem ao acordar). Tudo isso com menos de 50 letras. Esse foi o modelo para o desafio proposto.
As soluções vão do trivial ao interessante. Jorge Furtado montou um ótimo diálogo: "Eu não te amo mais." "O quê? Fale mais alto, a ligação está horrível!". Triste e no nervo. O meu conto predileto, de André Laurentino, tem o título "O Resto É Lenda": "Depois de expulsá-los, Deus morreu". Prova de que a literatura pode ser algo muito divertido.


Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século
Autor: Marcelino Freire (organização)
Editora: Ateliê Editorial (tel. 0/ xx/11/4612-9666)
Quanto: R$ 25



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