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CAPA
Juventude dourada
Para paulistanos classe aaa, querer é poder; círculo restrito é considerado uma 'Bolha'
Filipe Redondo/Folha Imagem
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Caroline, 16: vestido com cristais Swarovski e festa de aniversário no terraço da Daslu, em SP
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
GUILHERME GENESTRETI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com um cartão de crédito
na mão e uma ideia na cabeça, os jovens paulistanos de
classe AAA compram sem
olhar o preço na etiqueta,
têm motorista à disposição
para nunca precisar pegar
ônibus e cultivam hábitos como velejar, participar de leilões de arte e viajar para o exterior duas vezes ao ano.
Vida boa? Pode ser. Em
compensação, os teens super-ricos temem amizades
por interesse, dizem que são
julgados mais pela marca da
roupa que vestem do que pelo que são e vivem pensando
em segurança.
Tanto que ocultar sobrenomes foi condição para as
entrevistas da reportagem.
João, 17, não reclama dessa vida, que sustenta hábitos
e vaidades. "Tenho mais gravatas do que meu pai!", diz.
Bebida preferida? Um vinho
Château Mouton-Rothschild,
safra 1982, cuja garrafa não
sai por menos de R$ 3.000.
Recentemente, o estudante tomou gosto por leilões de
arte. No Jockey Club de São
Paulo, arrematou uma vaquinha da Cow Parade por
R$ 5.000. Naquela noite, estava com a irmã, Victoria, 18,
que adora bolsas Gucci mas
elege "Havaianas e pijama"
sua combinação perfeita.
Para João, os super-ricos
são "uma minissociedade",
em que dinheiro nem sempre
é sinônimo de felicidade.
"Você vai à prova da Fuvest
de motorista e é um choque!"
Querer é poder
Caroline, 16, queria um
baile de máscaras para seus
15 anos. Como querer, para
ela, é poder, um vestido incrustado de cristais Swarovski foi logo encomendado.
Humberto Carrão, um dos
galãs de "Malhação", rodopiou com a debutante no salão da Daslu, para-raios das
grifes caras em São Paulo.
Sua mãe ainda contratou acrobatas do Cirque du Soleil
e cantores líricos.
Um ano depois, paramentada com jóias Tiffany, Caroline diz que dinheiro faz diferença, mas não é tudo. "Tem muita gente interesseira."
As coisas costumam chegar às suas mãos antes mesmo que ela as deseje. "Tudo o
que sai, não dá nem tempo
de ela querer: iPhone,
iPod...", diz a mãe. Mas a garota diz não gostar do comportamento dos "esbanjões".
"Odeio gente fútil", diz.
André, 17, recebe mesada
de R$ 200, apesar de ter passe livre do pai para usar o cartão de crédito em "emergências", quando o dinheiro acaba. Ele complementa a renda
vendendo o que não quer
mais no Mercado Livre, como
camisetas de marca e notebooks e iPods ultrapassados.
O adolescente prefere levar os amigos para o iate da
família a cair na balada. Para
chegar à praia, tem como opção o helicóptero do pai.
FORA DA BOLHA
André reconhece que há
outra realidade atrás dos muros que o cercam. "Sei que vivo numa bolha, mas é aqui
que estão os meus amigos."
Já Adriano, 17, diz que estourou a bolha. Vai de ônibus
ao colégio e decidiu sair da
antiga escola por achá-la
"playboy demais".
Para ele, tudo mudou aos
11 anos, quando fez intercâmbio e conheceu gente do
mundo inteiro. "Uns eram
negros, outros, asiáticos. A
gente aprende que ter diferenças é importante."
Sentado no sofá de casa,
André fala sobre a vida de um
super-rico. "É bem mais fácil,
e isso é uma desvantagem.
Posso não aprender os problemas do mundo real."
Teens classe AAA
são menos de 1% da população do Estado
de São Paulo e cerca de 0,6% dos brasileiros
Adoram bolsas Gucci, modelo transversal
(R$ 2.000)
80% deles se consideram consumistas
Frequentam o clube Pink Elephant: entradas custam
R$ 70 (meninas) e R$ 150 (meninos)
A garrafa de champanhe custa R$ 525 e seu comprador tem o nome anunciado pelo DJ
Fontes: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Reportagem Local e
Datafolha (Jovens Brasileiros, maio de 2008)
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