São Paulo, segunda-feira, 24 de setembro de 2007

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Música

2 minas de 2 dois nomes

Maria Rita e Anna Luisa: duas musas da boa MPB e do sambinha

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Há muita coisa em comum entre a MPB e as novelas mexicanas. Pegue, por exemplo, os nomes das personagens. Tem vários que rendem belos nomes duplos. Maria Luisa. Anna Rita. Roberta Cristina. Mas fiquemos hoje com apenas dois exemplos, Maria Rita e Anna Luisa.
Maria Rita está lançando seu terceiro disco, "Samba Meu", e, como o nome já entrega, ela está mais solta agora, e se jogou no samba. E não faz feio.
Até então, Maria Rita tinha uma história cheia de percalços e reviravoltas, com alguns lances tristes, como uma boa novela mexicana. Ela ainda tem muito a fazer, é claro, mas por hora, é como se ela tivesse chegado ao último capítulo, feliz.
Ela perdeu a mãe -você sabe quem- muito cedo, ainda criança. Quando enfim resolveu se tornar cantora e lançar seu primeiro disco, em 2003, ela sofreu um megapreconceito e inúmeras comparações por causa da semelhança de sua voz com a de sua mãe. Ela se consolou nos braços do megassucesso que fez com o público.
Antes de lançar o segundo, perdeu o amigo e produtor Tom Capote, teve filho, e o resultado foi um disco mais intimista. Àquela altura, 2005, a fama de nova diva intocada -e chata- da MPB já estava forte.
Mas, voltando à história dos nomes. A boa música popular brasileira tem essa ligação forte com o emocional, com uma aparente simplicidade (que revela-se, ao contrário, complexa em vários aspectos, dos arranjos às temáticas e conceitos). Com o novo trabalho, Maria Rita tenta deixar de lado essa imagem de diva. Encontrou no samba uma boa saída (agora não vai faltar gente dizendo que ela quer entrar no embalo de Roberta Sá e cia.).
Quando se preparava para gravar o disco novo, Maria Rita ficou ouvindo muito Paulinho da Viola, Dona Ivone Lara, Chico Buarque. Só craques. Ela, no entanto, tem noção de que é uma novata no gênero, e chega humilde, pedindo licença, na faixa de abertura, homônima, de Rodrigo Bittencourt. Ela canta: "Deixo entregue aos bambas de verdade/ que estão nos morros da cidade/ peço a benção para passar".
A maioria das composições do álbum é de Arlindo Cruz, dono de seis das 14 faixas. O já hit "Tá Perdoado", por exemplo, é dele. Tem ainda outros nomes mais desconhecidos do grande público, como o bom e jovem Edu Krieger, em "Maria do Socorro" e "Novo Amor"; entre os sambas mais conhecidos, estão "O Homem Falou" (Gonzaguinha), com participação da Velha Guarda da Mangueira, e "Mente ao Meu Coração" (mais famosa na versão de Paulinho da Viola).
Maria, no entanto, não tenta desfazer a sonoridade que trabalhou nos discos anteriores; sua base instrumental tem forte influência do jazz, então temos sambas levemente diferente dos clássicos, aqui com presença marcante de piano e baixo acústico, por exemplo.
Tal qual Marcelo D2, que já tomou os préstimos vocais do filho, Maria Rita usa a voz de seu próprio rebento, em "Cria". Ela está de olho nos próximos capítulos.

SAMBA MEU
Maria Rita
www.maria-rita.com
Ouça: "Novo Amor"

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