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Música
2 minas de 2 dois nomes
Maria Rita e Anna Luisa: duas musas da boa MPB e do sambinha
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Há muita coisa em
comum entre a
MPB e as novelas
mexicanas. Pegue,
por exemplo, os
nomes das personagens. Tem
vários que rendem belos nomes
duplos. Maria Luisa. Anna Rita.
Roberta Cristina. Mas fiquemos hoje com apenas dois
exemplos, Maria Rita e Anna
Luisa.
Maria Rita está lançando seu
terceiro disco, "Samba Meu", e,
como o nome já entrega, ela está mais solta agora, e se jogou
no samba. E não faz feio.
Até então, Maria Rita tinha
uma história cheia de percalços
e reviravoltas, com alguns lances tristes, como uma boa novela mexicana. Ela ainda tem
muito a fazer, é claro, mas por
hora, é como se ela tivesse chegado ao último capítulo, feliz.
Ela perdeu a mãe -você sabe
quem- muito cedo, ainda
criança. Quando enfim resolveu se tornar cantora e lançar
seu primeiro disco, em 2003,
ela sofreu um megapreconceito
e inúmeras comparações por
causa da semelhança de sua voz
com a de sua mãe. Ela se consolou nos braços do megassucesso que fez com o público.
Antes de lançar o segundo,
perdeu o amigo e produtor
Tom Capote, teve filho, e o resultado foi um disco mais intimista. Àquela altura, 2005, a fama de nova diva intocada -e
chata- da MPB já estava forte.
Mas, voltando à história dos
nomes. A boa música popular
brasileira tem essa ligação forte
com o emocional, com uma
aparente simplicidade (que revela-se, ao contrário, complexa
em vários aspectos, dos arranjos às temáticas e conceitos).
Com o novo trabalho, Maria Rita tenta deixar de lado essa
imagem de diva. Encontrou no
samba uma boa saída (agora
não vai faltar gente dizendo que
ela quer entrar no embalo de
Roberta Sá e cia.).
Quando se preparava para
gravar o disco novo, Maria Rita
ficou ouvindo muito Paulinho
da Viola, Dona Ivone Lara, Chico Buarque. Só craques. Ela, no
entanto, tem noção de que é
uma novata no gênero, e chega
humilde, pedindo licença, na
faixa de abertura, homônima,
de Rodrigo Bittencourt. Ela
canta: "Deixo entregue aos
bambas de verdade/ que estão
nos morros da cidade/ peço a
benção para passar".
A maioria das composições
do álbum é de Arlindo Cruz, dono de seis das 14 faixas. O já hit
"Tá Perdoado", por exemplo, é
dele. Tem ainda outros nomes
mais desconhecidos do grande
público, como o bom e jovem
Edu Krieger, em "Maria do Socorro" e "Novo Amor"; entre os
sambas mais conhecidos, estão
"O Homem Falou" (Gonzaguinha), com participação da Velha Guarda da Mangueira, e
"Mente ao Meu Coração" (mais
famosa na versão de Paulinho
da Viola).
Maria, no entanto, não tenta
desfazer a sonoridade que trabalhou nos discos anteriores;
sua base instrumental tem forte influência do jazz, então temos sambas levemente diferente dos clássicos, aqui com
presença marcante de piano e
baixo acústico, por exemplo.
Tal qual Marcelo D2, que já
tomou os préstimos vocais do
filho, Maria Rita usa a voz de
seu próprio rebento, em "Cria".
Ela está de olho nos próximos
capítulos.
SAMBA MEU
Maria Rita
www.maria-rita.com
Ouça: "Novo Amor"
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