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Engajados usam Orkut para falar de assuntos mais sérios
Em vez de bisbilhotar a vida dos outros, jovens tentam mudar o mundo
ALAN DE FARIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Não muito interessados
em vasculhar a vida de
ex-namorados, de paqueras ou de pessoas de quem
não gostam, práticas comuns
para quem têm um perfil no
Orkut, muita gente decidiu fazer da rede de relacionamentos
um meio para mostrar idéias.
E, mais: colocar em prática, em
casa ou no cotidiano, as opiniões que são trocadas nelas.
Durante a greve das universidades públicas de São Paulo do
ano passado, por exemplo, o estudante de jornalismo da
Unesp (Universidade Estadual
de São Paulo) Alberto Silva
Cerri, 21, além de criar um blog,
o "Greve nas Férias", no qual
informava sobre o andamento
do movimento estudantil, resolveu também fazer uma comunidade no Orkut do tema.
Para ele, iniciativas como essa livram as pessoas das informações oficiais, provenientes
da TV, dos jornais ou do rádio.
"Nós fazemos a comunicação e
discutimos os pontos de vista."
Participante de uma série de
comunidades "engajadas", como as "Movimento Fora Renan
Calheiros", "Não ao Voto Obrigatório" e "Pela Legalização do
Aborto", a estudante Elisângela
Marquine de Souza acredita
que os debates no mundo virtual ficam mais interessantes
quando surgem opiniões divergentes. "Isso nos faz refletir sobre as nossas, buscar fundamentar o que pensamos, gerando um grande aprendizado."
Já o estudante de diplomacia
André (ele não autorizou a divulgação de seu sobrenome),
22, que atualmente mora em
Israel, viu no Orkut uma oportunidade de esclarecer alguns
pontos dos conflitos do Oriente
Médio. "No Orkut, eu percebia
comunidades divulgando informações erradas sobre o confronto entre judeus e palestinos. Por isso, resolvi contar as
minhas versões sobre o que
ocorre naquela região."
No entanto, visto que essa
discussão reacende paixões dos
dois lados, André foi excluído
de comunidades ao defender
atitudes do governo israelense.
A estudante Marilize Silva
Bentes, 20, de Paraíba, pensa
ser reconhecida de alguma forma pela sua iniciativa em criar
a comunidade "Brasileiro Precisa Ler Mais". Com cerca de
8.000 participantes, há discussões sobre a falta de hábito de
leitura no país. No momento,
Bentes tem idéias para, na prática, acabar com essa realidade.
Tomara que ela consiga.
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