São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

livros

Dona do mar

Conheça todo o planeta com a nadadora americana Lynne Cox, que fala sobre suas travessias ao Folhateen

SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando Lynne Cox era garota, não se conformava com o fato de que os irmãozinhos nadavam mais rápido do que ela na piscina. Gordinha, não acreditava que um dia seria uma grande nadadora. Até que seu técnico a chamou após um treino e sugeriu que ela tentasse nadar em águas abertas. Afinal, Lynne tinha ótima resistência e, apesar de ser mais lenta que os colegas, podia suportar várias horas de esforço.
Bem cedo, ela enfrentou e venceu desafios difíceis. Com 15 anos, bateu o recorde da travessia do Canal da Mancha [entre a França e a Inglaterra]. Depois, não parou mais, enfrentando e vencendo grandes distâncias em águas tormentosas e geladas nos quatro cantos do mundo. Logo Lynne viraria a maior nadadora de águas abertas do planeta.
Em 2004, ela lançou as memórias de suas travessias em "Swimming to Antarctica" (nadando para a antártida) (Knopf). Agora, chega às livrarias do Brasil "Grayson" (ed. Landscape), em que conta como ajudou a salvar um filhote de baleia enquanto treinava nas águas do Oceano Pacífico. Hoje, aos 50, Lynne ainda nada bastante, mas dedica-se mais a escrever e a dar palestras sobre suas façanhas. Leia o papo que a supernadadora bateu com o Folhateen, por e-mail.  

FOLHA - Como foi atravessar o Canal da Mancha?
LYNNE COX
- O Canal da Mancha é um desafio especial por causa das dificuldades. É preciso enfrentar o frio, as ondas grandes e as correntes fortes. Você pode estar em ótima forma para nadar na piscina, mas isso não significa que pode atravessar o Canal da Mancha. Para vencê-lo, é preciso acostumar-se a passar muito tempo na água fria, sempre fazendo muita força.
Há momentos em que as ondas são tão fortes que você pode nadar milhas e não sair do lugar. Pior, elas podem puxar você para trás. É como correr uma maratona vendo a linha de chegada andar para a frente.

FOLHA - A natação é um esporte solitário?
COX
- Não. Os nadadores de longa distância têm uma relação forte entre si. Dividem as histórias de suas façanhas e comentam as lendas do esporte. Criam uma comunidade e torcem uns pelos outros. Não competimos entre nós. Afinal, nosso desafio é lutar contra nossas próprias fraquezas.

FOLHA - Você começou a nadar muito cedo. Acha que perdeu algo importante na vida por causa disso?
COX
- A natação é a melhor parte da minha vida, então não posso dizer que perdi nada. Como um artista que tem sua palheta e pode pintar, um músico que tem um instrumento e pode tocar, sempre me senti sortuda por poder nadar.

FOLHA - Como era sua rotina?
COX
- Quando estava na escola e na faculdade eu treinava quatro horas por dia e estudava. Hoje eu treino só duas ou três horas por dia. Depois me dedico a escrever e a dar palestras.

FOLHA - Você fez a travessia do estreito de Bering para aproximar a União Soviética e os EUA durante a Guerra Fria. Acha que ajudou?
COX
- Sim! Gorbachev disse a Reagan que minha travessia mostrou como os dois países não eram assim tão distantes.

FOLHA - Quais foram os encontros mais inusitados com animais?
COX
- Quando nadei no estreito de Cook (Nova Zelândia), quase desisti de cansaço. Mas aí surgiram uns golfinhos que parecem ter percebido minha dificuldade e me acompanharam até o fim. Também me lembro dos pingüins, na Antártida, que saltaram na água quando eu me aproximava. Foram boas-vindas muito especiais (risos).


GRAYSON -UMA VERDADEIRA HISTÓRIA DE AMOR
Lynne Cox
Landscape
R$ 19,50 (160 págs.)


Texto Anterior: Estilo: No aperto
Próximo Texto: 02 Neurônio: O homem é a nova mulher
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.