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Dona do mar
Conheça todo o planeta com a nadadora americana Lynne Cox, que fala sobre suas travessias ao Folhateen
SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando Lynne Cox
era garota, não se
conformava com o
fato de que os irmãozinhos nadavam mais rápido do
que ela na piscina. Gordinha,
não acreditava que um dia seria
uma grande nadadora. Até que
seu técnico a chamou após um
treino e sugeriu que ela tentasse nadar em águas abertas. Afinal, Lynne tinha ótima resistência e, apesar de ser mais lenta que os colegas, podia suportar várias horas de esforço.
Bem cedo, ela enfrentou e
venceu desafios difíceis. Com
15 anos, bateu o recorde da travessia do Canal da Mancha [entre a França e a Inglaterra].
Depois, não parou mais, enfrentando e vencendo grandes
distâncias em águas tormentosas e geladas nos quatro cantos
do mundo. Logo Lynne viraria
a maior nadadora de águas
abertas do planeta.
Em 2004, ela lançou as memórias de suas travessias em
"Swimming to Antarctica" (nadando para a antártida)
(Knopf). Agora, chega às livrarias do Brasil "Grayson" (ed.
Landscape), em que conta como ajudou a salvar um filhote
de baleia enquanto treinava
nas águas do Oceano Pacífico.
Hoje, aos 50, Lynne ainda nada bastante, mas dedica-se
mais a escrever e a dar palestras
sobre suas façanhas. Leia o papo que a supernadadora bateu
com o Folhateen, por e-mail.
FOLHA - Como foi atravessar o Canal da Mancha?
LYNNE COX - O Canal da Mancha
é um desafio especial por causa
das dificuldades. É preciso enfrentar o frio, as ondas grandes
e as correntes fortes. Você pode
estar em ótima forma para nadar na piscina, mas isso não significa que pode atravessar o Canal da Mancha. Para vencê-lo, é
preciso acostumar-se a passar
muito tempo na água fria, sempre fazendo muita força.
Há momentos em que as ondas são tão fortes que você pode
nadar milhas e não sair do lugar. Pior, elas podem puxar você para trás. É como correr uma
maratona vendo a linha de chegada andar para a frente.
FOLHA - A natação é um esporte
solitário?
COX - Não. Os nadadores de
longa distância têm uma relação forte entre si. Dividem as
histórias de suas façanhas e comentam as lendas do esporte.
Criam uma comunidade e torcem uns pelos outros. Não
competimos entre nós. Afinal,
nosso desafio é lutar contra
nossas próprias fraquezas.
FOLHA - Você começou a nadar
muito cedo. Acha que perdeu algo
importante na vida por causa disso?
COX - A natação é a melhor
parte da minha vida, então não
posso dizer que perdi nada. Como um artista que tem sua palheta e pode pintar, um músico
que tem um instrumento e pode tocar, sempre me senti sortuda por poder nadar.
FOLHA - Como era sua rotina?
COX - Quando estava na escola
e na faculdade eu treinava quatro horas por dia e estudava.
Hoje eu treino só duas ou três
horas por dia. Depois me dedico a escrever e a dar palestras.
FOLHA - Você fez a travessia do estreito de Bering para aproximar a
União Soviética e os EUA durante a
Guerra Fria. Acha que ajudou?
COX - Sim! Gorbachev disse a
Reagan que minha travessia
mostrou como os dois países
não eram assim tão distantes.
FOLHA - Quais foram os encontros
mais inusitados com animais?
COX - Quando nadei no estreito de Cook (Nova Zelândia),
quase desisti de cansaço. Mas aí
surgiram uns golfinhos que parecem ter percebido minha dificuldade e me acompanharam
até o fim. Também me lembro
dos pingüins, na Antártida, que
saltaram na água quando eu me
aproximava. Foram boas-vindas muito especiais (risos).
GRAYSON -UMA
VERDADEIRA
HISTÓRIA DE
AMOR
Lynne Cox
Landscape
R$ 19,50 (160
págs.)
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