São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2004

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MÚSICA

Em "Temple of Shadows", Angra conta a história de cavaleiro medieval que vive dúvidas existenciais; Milton Nascimento canta no CD

Metal épico

DANIEL BUARQUE
DA REDAÇÃO

Um cavaleiro medieval que, durante as Cruzadas, se encontra em meio a dilemas éticos e morais entre a fé, a Igreja Católica e a violência das primeiras guerras entre Ocidente e Oriente. Podia ser um jogo de RPG ou um filme épico, mas é o novo álbum do Angra, maior nome brasileiro do metal melódico, que cede à moda do estilo pesado de vocais agudos e investe na Idade Média como tema central do novo CD, "Temple of Shadows". A banda já está em turnê pelo Brasil e, no dia 30, lança o álbum em São Paulo, no Via Funchal.
Passado o susto da separação, em 2000, e o renascimento, em "Rebirth" (2001), com Eduardo Falaschi, Aquiles Priester e Felipe Andreoli completando o grupo dos guitarristas Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro, o novo Angra cria personalidade própria, independente do espectro do grupo anterior, mas ainda forte, pesada e melódica.
"Temple of Shadows" é disco conceitual que conta uma única história encadeada do começo ao fim dos 66 minutos. O tema é justamente o drama de um cavaleiro com dúvidas existenciais. Por mais que possa parecer batido para os metaleiros que já acompanham bandas como Rhapsody e Blind Guardian, que sempre usam temas medievais, o guitarrista e letrista da banda defende que o "Temple" é diferente.
"O medieval é repetitivo, mas o enfoque que demos é único. É um enfoque contestador, que não trata de heroísmo nem de fantasia. O cavaleiro se revolta com a situação, numa reflexão mais existencialista e contestadora de dogmas", disse Bittencourt, em entrevista ao Folhateen. "Fui motivado pelos conflitos no Oriente Médio, o terrorismo, o quanto a crença, a religião e a ideologia geram de intolerância."
Musicalmente, o novo disco traz uma banda mais madura, com mais personalidade e independente de rótulos prefixados. Está certo que, em alguns trechos, a combinação de solos de guitarra logo na introdução é inconfundível, mas é possível perceber um flerte maior com o rock progressivo, mais agressivo também.
A busca pela inovação traz combinações inusitadas. A participação de Hansi Kürsh, do Blind Guardian, pode até ser vista como natural, mas muita gente vai torcer o nariz quando encontrar o nome de Milton Nascimento na penúltima música, uma parceria de vocais com Falaschi. "O Milton sempre foi referência. Ele é um músico que alcançou um estilo próprio de linguagem brasileira, mas, ao mesmo tempo, universal."


ANGRA. Quando: sábado, dia 30 de outubro, às 21h. Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, Vila Olímpia, tel. 0/xx/11/3038-6698). Quanto: de R$ 60 a R$ 120.

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