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MÚSICA
Em "Temple of Shadows", Angra conta a história de cavaleiro medieval que vive dúvidas existenciais; Milton Nascimento canta no CD
Metal épico
DANIEL BUARQUE
DA REDAÇÃO
Um cavaleiro medieval que, durante
as Cruzadas, se encontra em meio a
dilemas éticos e morais entre a fé, a
Igreja Católica e a violência das primeiras
guerras entre Ocidente e Oriente. Podia ser
um jogo de RPG ou um filme épico, mas é o
novo álbum do Angra, maior nome brasileiro do metal melódico, que cede à moda
do estilo pesado de vocais agudos e investe
na Idade Média como tema central do novo
CD, "Temple of Shadows". A banda já está
em turnê pelo Brasil e, no dia 30, lança o álbum em São Paulo, no Via Funchal.
Passado o susto da separação, em 2000, e
o renascimento, em "Rebirth" (2001), com
Eduardo Falaschi, Aquiles Priester e Felipe
Andreoli completando o grupo dos guitarristas Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro, o
novo Angra cria personalidade própria, independente do espectro do grupo anterior,
mas ainda forte, pesada e melódica.
"Temple of Shadows" é disco conceitual
que conta uma única história encadeada do
começo ao fim dos 66 minutos. O tema é
justamente o drama de um cavaleiro com
dúvidas existenciais. Por mais que possa
parecer batido para os metaleiros que já
acompanham bandas como Rhapsody e
Blind Guardian, que sempre usam temas
medievais, o guitarrista e letrista da banda
defende que o "Temple" é diferente.
"O medieval é repetitivo, mas o enfoque
que demos é único. É um enfoque contestador, que não trata de heroísmo nem de fantasia. O cavaleiro se revolta com a situação,
numa reflexão mais existencialista e contestadora de dogmas", disse Bittencourt,
em entrevista ao Folhateen. "Fui motivado
pelos conflitos no Oriente Médio, o terrorismo, o quanto a crença, a religião e a ideologia geram de intolerância."
Musicalmente, o novo disco traz uma
banda mais madura, com mais personalidade e independente de rótulos prefixados.
Está certo que, em alguns trechos, a combinação de solos de guitarra logo na introdução é inconfundível, mas é possível perceber um flerte maior com o rock progressivo, mais agressivo também.
A busca pela inovação traz combinações
inusitadas. A participação de Hansi Kürsh,
do Blind Guardian, pode até ser vista como
natural, mas muita gente vai torcer o nariz
quando encontrar o nome de Milton Nascimento na penúltima música, uma parceria
de vocais com Falaschi. "O Milton sempre
foi referência. Ele é um músico que alcançou um estilo próprio de linguagem brasileira, mas, ao mesmo tempo, universal."
ANGRA. Quando: sábado, dia 30 de outubro, às 21h.
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, Vila Olímpia, tel.
0/xx/11/3038-6698). Quanto: de R$ 60 a R$ 120.
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