São Paulo, segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

tv

Muitas personalidades - nenhuma graça

Série de Diablo Cody que estreou nos EUA é sobre uma mulher que é várias ao mesmo tempo

DA REPORTAGEM LOCAL

T ara é uma pacata mãe de família de classe média americana. Tem dois carinhosos filhos adolescentes, um marido dedicado e uma bem-sucedida carreira colorindo quartos de bebês de famílias endinheiradas. Tudo o que muitas mulheres almejam.
Mas isso não é suficiente para Tara. Portadora de uma síndrome de múltipla personalidade, ela precisa conviver com mais três alter egos que se manifestam sempre que ela passa por uma situação estressante.
Portanto, se algo vai mal, ela pode se transformar, num piscar de olhos, em T, uma adolescente supersexualizada, Alice, uma recatada e dedicada dona-de-casa que se veste como se vivesse nos anos 1950, ou no machão cervejeiro Buck.
Esse é o mote da nova série do canal americano Showtime, "The United States of Tara" (estados unidos de Tara), que estreou nos EUA no dia 18, mas ainda não tem previsão de exibição no Brasil.
Apesar da trama um tanto boboca, o programa chamou atenção no Estados Unidos por reunir algumas estrelas do showbiz. Steven Spielberg faz a produção executiva, e Diablo Cody, ganhadora do Oscar por "Juno", assina o roteiro.
Tara é vivida por Toni Collette (indicada ao Oscar por "O Sexto Sentido"), e Max, seu marido, por John Corbet (o Aidan, de "Sex and the City").
Mas, mesmo com medalhões, o primeiro episódio da série decepcionou. Na estreia, são apresentados T (logo no começo, quando Tara descobre que a filha adolescente anda tomando pílulas do dia seguinte) e Buck (quando ela discute com o namorado da filha).

Naturalidade forçada
O modo como a família lida com as várias personalidades da matriarca é de uma naturalidade um tanto forçada. A filha do casal Kate, por exemplo, trata a versão adolescente da mãe como se fosse uma amiga do colégio. Max trata Buck como se fosse um companheiro de bar.
E a talentosa Toni Collette ainda não acertou a mão para dar conta de tantas personagens. Os dois alter egos de Tara apresentados na estreia são meros estereótipos: T é a adolescente desmiolada que gosta de roupas vulgares, e Buck, por sua vez, é o machão sem classe apaixonado por armas.
Tudo bem que o programa é uma comédia e que a ideia é justamente explorar o absurdo da situação. Mas, no geral, um pouco mais de sutileza e de criatividade cairiam bem ao roteiro preguiçoso de Diablo Cody. Até para que o absurdo se tornasse realmente engraçado e não meramente ridículo, como na cena da transformação de Tara em Buck.
Nervosa depois de brigar com o namorado da filha, ela entra no carro, começa a chorar, fecha os olhos e pronto. Literalmente num piscar de olhos, ela se transforma no alter ego Buck. Dá para ser mais óbvio?
(LETICIA DE CASTRO)


Texto Anterior: Música: Pequenos prazeres
Próximo Texto: "Lost" estreia com boas explicações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.