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Muitas personalidades - nenhuma graça
Série de Diablo Cody que estreou nos EUA é sobre uma mulher que é várias ao mesmo tempo
DA REPORTAGEM LOCAL
T
ara é uma pacata
mãe de família de
classe média americana. Tem dois carinhosos filhos adolescentes, um marido dedicado
e uma bem-sucedida carreira
colorindo quartos de bebês de
famílias endinheiradas. Tudo o
que muitas mulheres almejam.
Mas isso não é suficiente para Tara. Portadora de uma síndrome de múltipla personalidade, ela precisa conviver com
mais três alter egos que se manifestam sempre que ela passa
por uma situação estressante.
Portanto, se algo vai mal, ela
pode se transformar, num piscar de olhos, em T, uma adolescente supersexualizada, Alice,
uma recatada e dedicada
dona-de-casa que se veste como se vivesse nos anos 1950, ou
no machão cervejeiro Buck.
Esse é o mote da nova série
do canal americano Showtime,
"The United States of Tara"
(estados unidos de Tara), que
estreou nos EUA no dia 18, mas
ainda não tem previsão de exibição no Brasil.
Apesar da trama um tanto
boboca, o programa chamou
atenção no Estados Unidos por
reunir algumas estrelas do
showbiz. Steven Spielberg faz a
produção executiva, e Diablo
Cody, ganhadora do Oscar por
"Juno", assina o roteiro.
Tara é vivida por Toni Collette (indicada ao Oscar por "O
Sexto Sentido"), e Max, seu marido, por John Corbet (o Aidan,
de "Sex and the City").
Mas, mesmo com medalhões, o primeiro episódio da
série decepcionou. Na estreia,
são apresentados T (logo no começo, quando Tara descobre
que a filha adolescente anda tomando pílulas do dia seguinte)
e Buck (quando ela discute com
o namorado da filha).
Naturalidade forçada
O modo como a família lida
com as várias personalidades
da matriarca é de uma naturalidade um tanto forçada. A filha
do casal Kate, por exemplo, trata a versão adolescente da mãe
como se fosse uma amiga do colégio. Max trata Buck como se
fosse um companheiro de bar.
E a talentosa Toni Collette
ainda não acertou a mão para
dar conta de tantas personagens. Os dois alter egos de Tara
apresentados na estreia são
meros estereótipos: T é a adolescente desmiolada que gosta
de roupas vulgares, e Buck, por
sua vez, é o machão sem classe
apaixonado por armas.
Tudo bem que o programa é
uma comédia e que a ideia é
justamente explorar o absurdo
da situação. Mas, no geral, um
pouco mais de sutileza e de
criatividade cairiam bem ao roteiro preguiçoso de Diablo
Cody. Até para que o absurdo se
tornasse realmente engraçado
e não meramente ridículo, como na cena da transformação
de Tara em Buck.
Nervosa depois de brigar
com o namorado da filha, ela
entra no carro, começa a chorar, fecha os olhos e pronto. Literalmente num piscar de
olhos, ela se transforma no alter ego Buck. Dá para ser mais
óbvio?
(LETICIA DE CASTRO)
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