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Música
Recife'n'roll
Em pleno
Carnaval, festival
recifense troca
frevo por funk,
folk, rock e MPB;
Tim Maia e Itamar
Assumpção foram
homenageados com
shows-tributo
RAMIRO ZWETSCH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM RECIFE
O frevo não está com
nada. A constatação é de Tom Zé, e
ele tem certa razão:
pelo menos no palco do Rec Beat, em Recife, os
cem anos do ritmo pernambucano foram solenemente ignorados em pleno Carnaval. No
resto da cidade, em compensação, foi celebrado à exaustão.
A 12ª edição do festival reuniu 26 atrações de todos os cantos do país e cumpriu seu papel.
Deu visibilidade para boas novas, assistiu a ressurreições e
confirmou vocações pop.
Mostrou ainda consistência
em apresentações de artistas
como Curumin & the Aipins e
do próprio Tom Zé, que viu seu
show oscilar no momento em
que arriscou uma homenagem
ao frevo e, por isso, soltou a primeira frase desse texto.
O deslize não impediu o baiano de cumprir seu papel: fez o
show mais aplaudido.
A segunda noite foi do Bonde
do Rolê. O primeiro show da
banda no Nordeste, com suas
letras sacaninhas e uma performance nada comportada, fez o
público do Rec Beat sorrir e pular. "Todo mundo levanta a
mão aqui. É só pedir que o povo
realmente interage", disse Pedro D'Eyrot, do Bonde.
A faixa etária do "povo", aliás,
era menor que a da banda, que
gira em torno dos 20. "É porque
eles ainda acham engraçadas
letras cheias de palavrão", decifra a cantora Marina Ribatsky.
Mais adulta em todos os sentidos, a apresentação do Isca de
Polícia foi na direção inversa: a
banda do saudoso Itamar Assumpção (morto em 2003) se
apresentou acompanhada de Anelis Assumpção, filha do homem, e demonstrou que a obra
do compositor preserva sua vitalidade. Os arranjos entrelaçados pelos nós de cada verso torto das letras instigam, fogem do óbvio.
O outro show-tributo do festival foi a fase "racional" de Tim
Maia, celebrada por 15 músicos
capitaneados pelo tecladista
Daniel Ganjaman, do coletivo
paulistano Instituto. O entrosamento e o respeito à maioria
dos arranjos originais fizeram o
groove rolar redondo.
A surpresa ficou por conta do
folk do Vanguart. A simplicidade do som, calcado na voz, no
violão, nas letras e na personalidade de Hélio Flanders, 22,
transparece também na conversa com o sujeito. "Hoje, a
nossa influência é Tom Jobim,
afro-sambas... Por mais estranho que isso possa parecer."
Estranho mesmo: essas referências passam longe do que se
viu no show e do que está no
myspace da banda
(www.myspace.com/vanguart). Tem potencial.
O jornalista Ramiro Zwetsch viajou a convite da
organização do Festival Rec Beat
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