São Paulo, segunda-feira, 26 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INTERNETS

Ronaldo Lemos - ronaldolemos09@gmail.com

O lado negro do ativismo na internet

As eleições no Irã mostraram que a internet é uma força importante para fazer oposição política. O Twitter ajudou na organização de protestos contra o presidente Ahmadinejad e, sobretudo, mostrou ao mundo que algo importante acontecia por lá.
No Brasil, a campanha conhecida como "Fora, Sarney" foi nosso pequeno ensaio de política na rede, clamando a derrubada do presidente do Senado.
Por conta disso, muita gente afirma que a internet ajuda na consolidação da democracia em todo o mundo. Mas será que é tudo automático assim? Há pouco tempo vazou a notícia de que o governo da China estava pagando R$ 0,12 por cada comentário postado por "ativistas" anônimos favoráveis ao regime. Isso manipula sutilmente a informação na rede, de forma descentralizada.
E não é só. Países como a Bielorrússia monitoram redes sociais para descobrir se protestos estão sendo organizados. Daí mandam a polícia para os lugares antes mesmo de os manifestantes aparecerem, debelando o "flashmob". Comum também se tornou vasculhar as fotos de protestos postadas no Flickr, em busca de identificar e prender quem aparece nelas.
E o Irã não fica atrás. Além de bisbilhotar o perfil do Facebook de visitantes que chegam por lá, anunciou que vai suspender o Gmail no país, que será substituído por um serviço de e-mail estatal, monitorado.
Em síntese, governos autoritários aprenderam rápido a usar a internet a seu favor. Se os custos de fazer a "revolução" baixaram com a rede, os custos da "contrarrevolução" também. Isso é bom para lembrar que a internet ajuda, sim, na luta política. Mas não basta. Ficar atrás do computador tuitando nem sempre garante resultados. Os métodos mais tradicionais (que, infelizmente, ainda envolvem greves de fome, gente presa e espancada) ainda são necessários.
Afinal, só para constar, Ahmadinejad continua presidente do Irã e Sarney continua presidente do Senado.


Texto Anterior: Fale com a gente
Próximo Texto: Cidadania: Meu primeiro título
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.