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INTERNETS
Ronaldo Lemos - ronaldolemos09@gmail.com
O lado negro do ativismo na internet
As eleições no Irã mostraram que a internet é uma
força importante para fazer oposição política. O
Twitter ajudou na organização de protestos contra o presidente Ahmadinejad e, sobretudo, mostrou ao
mundo que algo importante acontecia por lá.
No Brasil, a campanha conhecida como "Fora, Sarney" foi nosso pequeno ensaio de política na rede, clamando a derrubada do presidente do Senado.
Por conta disso, muita gente afirma que a internet
ajuda na consolidação da democracia em todo o mundo.
Mas será que é tudo automático assim? Há pouco tempo
vazou a notícia de que o governo da China estava pagando R$ 0,12 por cada comentário postado por "ativistas"
anônimos favoráveis ao regime. Isso manipula sutilmente a informação na rede, de forma descentralizada.
E não é só. Países como a Bielorrússia monitoram redes sociais para descobrir se protestos estão sendo organizados. Daí mandam a polícia para os lugares antes
mesmo de os manifestantes aparecerem, debelando o
"flashmob". Comum também se tornou vasculhar as fotos de protestos postadas no Flickr, em busca de identificar e prender quem aparece nelas.
E o Irã não fica atrás. Além de bisbilhotar o perfil do
Facebook de visitantes que chegam por lá, anunciou que
vai suspender o Gmail no país, que será substituído por
um serviço de e-mail estatal, monitorado.
Em síntese, governos autoritários aprenderam rápido
a usar a internet a seu favor. Se os custos de fazer a "revolução" baixaram com a rede, os custos da "contrarrevolução" também. Isso é bom para lembrar que a internet ajuda, sim, na luta política. Mas não basta. Ficar
atrás do computador tuitando nem sempre garante resultados. Os métodos mais tradicionais (que, infelizmente, ainda envolvem greves de fome, gente presa e espancada) ainda são necessários.
Afinal, só para constar, Ahmadinejad continua presidente do Irã e Sarney continua presidente do Senado.
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