ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Com tantos escândalos, sai governo, entra governo, todo o mundo se acostumou a dizer duas frases de amargar: "Detesto a política" e "os políticos são todos iguais".
Com isso, a gente acaba contribuindo um pouco para a deterioração do processo político. Se quem tem consciência e informação deixa de votar, quem é que vai se eleger?
Lá pelos anos 1970, 1980, os bons alunos viravam líderes estudantis, oradores de turma e, não raro, sonhavam ser candidatos a vereador, deputado, senador, prefeito...
Também seguiam essa trilha advogados, médicos e engenheiros, os principais sindicalistas, os líderes de movimentos negros, de mulheres e vai por aí afora. Hoje, fala sério, quem você conhece que esteja louco para disputar eleições e virar político?
Cria-se, então, o ciclo vicioso: só fazem carreira política os filhos e netos de políticos ou aqueles que acham que é uma forma de investimento, de subir na vida. Assim, o equilíbrio entre os que querem realmente agir para um mundo melhor e aqueles outros que só pensam em se dar bem está avariado. Que tal reequilibrar?
Gostemos ou não, é a política que move o mundo, e os políticos não são todos iguais. Feche os olhos e pense em políticos/ as muito, muito, muito ruins, desses cheios de contas em paraísos fiscais. Agora, feche de novo e pense em outros que assumem posições, sabem administrar, respeitam as decisões partidárias, têm uma longa história pública, sem manchas.
Certamente você vai lembrar rapidamente de uns e de outros. E eles não são iguais.
Votar no/na melhor para presidente, para governador e para os demais cargos é ajudar a garantir um país, um Estado e um futuro melhores. E não votar no melhor é dar chance ao pior. Pense nisso!


Texto Anterior: Como faço o título?
Próximo Texto: Sexo & Saúde - Jairo Bouer: Medo do desconhecido
Índice