São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2006

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comportamento

Meu outro eu

Nicks bizarros da internet escapam do mundo virtual e conquistam a vida real; teens deixam de lado o nome verdadeiro, assumem a nova identidade e são admirados pelos amigos

Fusão fotográfica de Caio Guatelli/Folha Imagem
Sérgio Franceschini, que já deu até autógrafos como Sr. Orgastic


LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cansado do seu nome "comum", Sérgio Francischini, 17, decidiu adaptar um apelido que ganhou na balada para usar no perfil no Orkut e no fotolog. Assim nasceu o Sr. Orgastic, um personagem que já ganhou vida própria e virou uma espécie de celebridade na web e na noite.
Sérgio ganhou o apelido porque vivia aparecendo na "coluna social" (fotos postadas no site da casa) da festa Orgástica, do extinto Atari Club. "Gostei e decidi virar o "Sr. Orgastic'", esclarece. As fotos ousadas do fotolog e as roupas estilosas, com acessórios e maquiagem, fizeram sucesso e o nome pegou.
"Tem gente que nem sabe o meu nome real", diz Orgastic, que também é chamado assim por colegas da escola.
De tão popular, abriu quatro perfis no Orkut para abrigar todos os amigos.
O cúmulo da fama ele viveu há alguns meses, num shopping center. Sem mais nem menos, uma garota chegou e pediu um autógrafo, dizendo ser fã do fotolog. "Eu dei risada, porque não sou celebridade. Mas achei engraçado. É bom sentir o carinho das pessoas", diz, já usando o jargão dos famosos.
Pedro Bacelar, 19, também optou pelo nome de um personagem quando entrou no Orkut. "Gosto de ter outra identidade", conta. Peter Hu, um pirata, é hoje o outro "eu" de Pedro. "Ele é corajoso e agressivo. Quando uso esse nome, eu assimilo um pouco essas características", diz.
Assim como Orgastic e Peter Hu, Paulo Sanches, 19, estagiário em uma agência de publicidade, também tem vivido seus momentos de fama, graças ao seu singelo apelido: A Vagabunda do Rock and Roll.
O nome, tirado de uma biografia do cantor David Bowie, deveria ser apenas um nick de internet, mas caiu no gosto dos amigos. "A Vagabunda já está virando uma personagem. É uma groupie meio junkie", diz.
Quando discotecou numa casa de rock alternativo, o flyer anunciava entre os DJs: "A Vagabunda do Rock and Roll".
Amiga de Paulo, ops, do Vagabunda, Bia Steffens, 14, se animou e também criou outra identidade na net. Virou Exploding, inspirada em um show da banda de rock Velvet Underground. "Queria um nome exclusivo. Tem muita Bia por aí."
Fã de rock, Exploding frequenta baladas alternativas com a mãe, que também aderiu aos apelidos inventivos e trocou o Adriana Mani por Amelie, em homenagem à personagem do filme "Amelie Poulain".
Amelie já teve vários sobrenomes: Jones, O'Dowd, e agora Wilde, em homenagem ao escritor britânico Oscar Wilde.


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