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DEPOIMENTO
"Não achava minha relação com a rede "over", até que..."
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO
Eu e a internet temos uma
longa história de amor e de
ódio. Tem dias em que passo
12 horas on-line. Já estava no
Twitter em 2008, quando o
passarinho azul piava bem
menos do que hoje.
Mesmo assim, nunca
achei minha relação com a
rede "over". Sempre tirei sarro daquelas meninas que
criam Fotolog e Flickr para
pôr retratos delas fazendo biquinho na frente do espelho.
Até que, há um ano e meio,
uma repórter me ligou: preparava uma reportagem para
o site de uma revista. E eu
com isso? Bom, eu era o "isso". A história era sobre mim!
Sem saber, estava sendo
investigada havia semanas.
A revista quis ficar na cola de
uma pessoa que se expõe demais na internet.
A repórter juntou todas as
informações que encontrou
sobre mim na rede e montou
um dossiê que me assustou.
Ela descobriu (e publicou!)
o nome de ex-namorados, o
valor do meu salário, as baladas que frequento, os nomes
dos meus irmãos, detalhes
das tatuagens que tenho no
corpo e até meu gosto por cinema e por miojo.
E eu achava que não me
expunha demais na web...
Mais assustador ainda foram as pessoas que ficaram
me chamando de "famosa"
no Orkut. Se eu não respondia, algumas me xingavam.
No final, a experiência me
deu uma sensação estranha.
Imagine que o menino mais
popular da classe pega seu
diário e o lê em voz alta para a
turma inteira. Agora multiplica isso por cem. Sacou?
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