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Sexo & Saúde
Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br
Aids: mais garotas do que garotos
NO PRÓXIMO sábado será comemorado o
Dia Internacional de Luta contra a
Aids. Na última semana, a Coordenação Nacional de DST/Aids divulgou o mais recente boletim sobre a epidemia no país.
Há uma pequena tendência de queda de casos novos, mas, mesmo assim, em 2006, mais
de 32 mil pessoas tiveram um diagnóstico de
Aids (0,6% da população tem a doença no
país). Na média da população, a relação de homens contaminados para mulheres contaminadas (que já foi de 20 para 1), hoje é de apenas 1,5 para 1.
Mas justamente na faixa dos mais jovens, de 13 a 19, o
número de novos casos entre garotas superou o de garotos. Em 2006, 223 garotos e 368 garotas tiveram diagnóstico de Aids. Na faixa de 20 a 24, foram 1.213 homens
e 1.076 mulheres.
Houve também uma tendência de crescimento de casos novos em jovens que têm comportamento homo ou
bissexual, um dos grupos da população que, tradicionalmente, foi mais trabalhado para a questão da prevenção
e da importância do uso de camisinha. Como explicar
tantos casos em jovens (faixa de idade mais informada
sobre Aids) e o maior número de casos em garotas?
Algumas pistas aparecem em uma pesquisa que acabamos de concluir, feita com 7.520 jovens de 13 a 16, de
20 escolas de São Paulo. Além de começar sua vida sexual cedo, os jovens têm mais parcerias ao longo da sua
adolescência. 15% deles já tinham tido experiência com
mais de cinco parceiros ao longo da vida e o número de
parcerias foi maior no sexo masculino.
Apesar de 77% acharem importante usar camisinha
sempre, apenas 56% utilizam, de fato, a camisinha regularmente (62% dos garotos e 45% das garotas, ou seja, homens usam mais que mulheres). As
principais causas para não usar sempre
são: "camisinha atrapalha", "não ter sempre à disposição" e "ter um namoro mais
estável". Entre as garotas, o fator "namoro" aparece como muito significativo para não usar camisinha sempre.
Alguns cruzamentos de dados sugerem
índice mais baixo de proteção nos seguintes grupos: muito tímidos e envergonhados, muito ansiosos em relação a sexo, convivência péssima com pais em casa, não falar sobre sexo em casa, consumo freqüente
de bebidas alcoólicas, fumantes e experiência com drogas.
Conclusão: apesar da informação e do uso
elevado de camisinha no início da vida sexual,
o jovem passa a enxergar menos perigo (a menina mais ainda) e deixa de se proteger cedo.
Vamos pensar melhor sobre isso, pessoal?
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