São Paulo, segunda-feira, 26 de novembro de 2007

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Sexo & Saúde

Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br

Aids: mais garotas do que garotos

NO PRÓXIMO sábado será comemorado o Dia Internacional de Luta contra a Aids. Na última semana, a Coordenação Nacional de DST/Aids divulgou o mais recente boletim sobre a epidemia no país.
Há uma pequena tendência de queda de casos novos, mas, mesmo assim, em 2006, mais de 32 mil pessoas tiveram um diagnóstico de Aids (0,6% da população tem a doença no país). Na média da população, a relação de homens contaminados para mulheres contaminadas (que já foi de 20 para 1), hoje é de apenas 1,5 para 1.
Mas justamente na faixa dos mais jovens, de 13 a 19, o número de novos casos entre garotas superou o de garotos. Em 2006, 223 garotos e 368 garotas tiveram diagnóstico de Aids. Na faixa de 20 a 24, foram 1.213 homens e 1.076 mulheres.
Houve também uma tendência de crescimento de casos novos em jovens que têm comportamento homo ou bissexual, um dos grupos da população que, tradicionalmente, foi mais trabalhado para a questão da prevenção e da importância do uso de camisinha. Como explicar tantos casos em jovens (faixa de idade mais informada sobre Aids) e o maior número de casos em garotas?
Algumas pistas aparecem em uma pesquisa que acabamos de concluir, feita com 7.520 jovens de 13 a 16, de 20 escolas de São Paulo. Além de começar sua vida sexual cedo, os jovens têm mais parcerias ao longo da sua adolescência. 15% deles já tinham tido experiência com mais de cinco parceiros ao longo da vida e o número de parcerias foi maior no sexo masculino.
Apesar de 77% acharem importante usar camisinha sempre, apenas 56% utilizam, de fato, a camisinha regularmente (62% dos garotos e 45% das garotas, ou seja, homens usam mais que mulheres). As principais causas para não usar sempre são: "camisinha atrapalha", "não ter sempre à disposição" e "ter um namoro mais estável". Entre as garotas, o fator "namoro" aparece como muito significativo para não usar camisinha sempre.
Alguns cruzamentos de dados sugerem índice mais baixo de proteção nos seguintes grupos: muito tímidos e envergonhados, muito ansiosos em relação a sexo, convivência péssima com pais em casa, não falar sobre sexo em casa, consumo freqüente de bebidas alcoólicas, fumantes e experiência com drogas.
Conclusão: apesar da informação e do uso elevado de camisinha no início da vida sexual, o jovem passa a enxergar menos perigo (a menina mais ainda) e deixa de se proteger cedo. Vamos pensar melhor sobre isso, pessoal?

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