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O2 neurônio
Confissões de três punks velhas
Jô Hallak
Nina Lemos
Raq Affonso
Tudo o que uma mulher odeia é ser chamada
de velha. Quer dizer, diz a lenda que é assim.
Pois é. Estas três colunistas, que, sim, já passaram da adolescência há anos, andam recebendo reclamações na coluna de cartas do
Folhateen. Dizem que estamos velhas demais. Nos chamaram de trintonas problemáticas. O que, inclusive, é
verdade. Sim, somos trintonas e somos cheias de problemas. A gente não tem problemas com a idade. Inclusive
porque somos meio retardadas. Continuamos com uma
alma adolescente. E decidimos provar isso para vocês.
Não que a gente ache legal ser retardada! A gente é adulta em muitos sentidos. Mas não é porque você tem mais
de 30 anos que precisa ficar careta.
Ser careta é levar uma vida chata, parar de se divertir em
mesas de bares e de freqüentar shows de rock de bandas
obscuras (de caras que, na maioria das vezes, já passaram
dos 30). Ser careta é parar de fazer novos amigos de infância. E a gente espera nunca ficar assim. Achamos que estamos no bom caminho.
Inclusive porque, nos últimos dias...
- Fomos a um show de rock em um inferninho que tinha um porão. Era o show de uma banda indie de Alagoas. Depois nos falaram que era de São Paulo. Na dúvida, vamos falar que é de Alagoas, uma licença poética.
- Duas de nós brigaram com um motorista de táxi
bem embaixo do Minhocão e andaram por esse lugar ermo do centro de São Paulo de mãos dadas com um amigo
em busca de outro táxi. (Não recomendamos que vocês
façam isso!).
- Uma de nós entrou em um grupo de adoração ao
show do Wander Wildner, que
acontece no mesmo porão onde
tocou a banda de Alagoas. Ela e
dois amigos (um de 40 anos) freqüentam o show todas as semanas
e choram durante as músicas.
- Descobrimos um novo bar
para freqüentar. Fica em um lugar
obscuro da cidade e tem cerveja
barata.
- Inventamos novos apelidos
para pretês e nos censuramos por
isso. Os nossos analistas dizem
que isso não é uma atitude legal,
pois temos essa mania de transformar tudo em piada. Mas não
resistimos. E, nesta semana, inventamos os apelidos pretê-pastel
e pretê-ladrão (os apelidos foram
trocados para que eles não se reconheçam).
E, além disso, pagamos contas,
trabalhamos muito e fizemos algumas coisas que só as pessoas de
30 mesmo fazem. Imagina como
ia ser chato ter que pagar todas as
contas e passar creme anti-rugas
aos 15 anos. Será que somos velhas demais? Achamos que não. E,
não, ninguém aqui tem crise de
idade não. Crescer é bom.
Momentos de histeria
Velhas,
não!
Vintage!
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