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internet
Perigo real e imediato
Conheça cinco jovens que se deram mal após superexposição na internet
Leonardo Wen/Folha Imagem
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Nathalia de Araujo se engraçou com um rapaz no MSN e perdeu o namorado |
ALAN DE FARIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os nomes dos garotos beijados nas baladas. As histórias
da viagem com a
turma do colégio ou
da faculdade. A opção sexual. Se
tais informações eram reservadas aos diários escritos ou à
confiança de poucos amigos,
tudo isso parece ter se tornado
público com a proliferação de
blogs e fotologs e com o sucesso
de sites de relacionamento como o Orkut. E é aí que mora o
perigo.
Maria (nome fictício), 18, teve que trocar de faculdade para
se livrar de um garoto estúpido
que, junto com um outro rapaz,
passou a ameaçá-la de agressão
ao descobrir que ela é lésbica. A
história começou quando, para
dar um fora nele, ela disse que
tinha um namorado.
"Ao tentar encontrar a foto
do meu suposto namorado no
Orkut, o cara descobriu que eu
gostava de mulher. Aí começou
a falar para a galera da faculdade que eu era lésbica e a deixar
recados por meio de um perfil
falso", revela. Uma vez que seus
pais desconhecem sua opção
sexual, Maria teve que enfrentar a situação sozinha.
Telefonemas
A universitária Gabriela Stripoli Mendes, 20, também preferiu não contar aos seus pais
sobre a ligação de um homem
que a ameaçou com frases do tipo "Eu sei com quem você anda... E se eu te encontro, sabe o
que eu faço?".
"Quando ele disse isso, respondi que ia desligar. Foi aí que
ele falou o meu nome e os de alguns amigos, do meu colégio e
da rua onde moro. Eu fiquei
muda, acho que meio em choque", confessa. Com medo, Gabriela decidiu fazer um boletim
de ocorrência. "Mas, como no
meu celular não apareceu o número do cara, os policiais não
quiseram fazer."
Em sua opinião, o homem,
que ligou para ela só uma vez,
deve ter obtido muitas das informações no Orkut. Já o telefone, ela acredita que foi por
meio do MSN. "Alguns amigos
meus comentaram que eu aparecia online em momentos em
que estava fazendo outra coisa,
ou seja, alguém logava meu
MSN por mim", lamenta Gabriela, que diz ter apagado quase toda a sua vida virtual.
A verdade é que, mesmo
quando não são inseridas informações ou fotos pessoais no
Orkut, é possível, por meio das
comunidades, ter uma idéia de
como é o perfil da pessoa.
Muitos adolescentes, sem
perceber, acabam dando essas
informações ao fazerem parte
de comunidades como "Colégio
tal" ou "Moro na rua xis".
Não divulgar informações
pessoais e evitar ao máximo
postar imagens que possibilitem identificar seu estilo de vida são duas das várias recomendações (veja ao lado) que
os internautas devem seguir,
segundo Lúcio Costa, especialista em segurança na web da
empresa Symantec Brasil.
Participante de mais de 200
comunidades, a estudante carioca Helena Rebello Coelho
Gomes, 18, acredita que elas podem revelar bastante sobre o
perfil de alguém. "Tenho um
pouco de medo das conclusões
precipitadas a meu respeito,
mas, ao participar do Orkut,
optei por me expor."
Mas, no caso de Helena, é o
seu irmão, 21, quem implica
bastante por ela participar de
comunidades como "Amigas
desequilibradas" e "Misturo
qualquer coisa com vodka".
"Depois de vê-las, ele perguntou sobre os hábitos das minhas amigas e se eu já cheguei a
ficar mal com bebida, se já vomitei...", conta.
Precauções
Embora tenham decidido deletar o perfil do Orkut à época
em que se sentiram ameaçadas,
tanto Gabriela quanto Maria
não conseguiram ficar de fora
da rede durante muito tempo.
No entanto, para evitar novos
problemas, decidiram tomar
algumas precauções.
No novo perfil de Maria, não
há imagens em seu álbum e ela
diz que só adiciona conhecidos.
Já Gabriela decidiu participar
de várias comunidades "inúteis" para camuflar as que gosta
de freqüentar e não informa o
nome das pessoas que aparecem em suas fotos.
"O Orkut é uma vitrine, onde
todo mundo se expõe. No entanto devemos ter a consciência de que somos os responsáveis pelas informações que postamos na internet", crê Gabriela. Como afirma Maria, no
mundo on-line, ninguém está
cem por cento protegido.
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