São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2007

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Perigo real e imediato

Conheça cinco jovens que se deram mal após superexposição na internet

Leonardo Wen/Folha Imagem
Nathalia de Araujo se engraçou com um rapaz no MSN e perdeu o namorado


ALAN DE FARIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os nomes dos garotos beijados nas baladas. As histórias da viagem com a turma do colégio ou da faculdade. A opção sexual. Se tais informações eram reservadas aos diários escritos ou à confiança de poucos amigos, tudo isso parece ter se tornado público com a proliferação de blogs e fotologs e com o sucesso de sites de relacionamento como o Orkut. E é aí que mora o perigo.
Maria (nome fictício), 18, teve que trocar de faculdade para se livrar de um garoto estúpido que, junto com um outro rapaz, passou a ameaçá-la de agressão ao descobrir que ela é lésbica. A história começou quando, para dar um fora nele, ela disse que tinha um namorado.
"Ao tentar encontrar a foto do meu suposto namorado no Orkut, o cara descobriu que eu gostava de mulher. Aí começou a falar para a galera da faculdade que eu era lésbica e a deixar recados por meio de um perfil falso", revela. Uma vez que seus pais desconhecem sua opção sexual, Maria teve que enfrentar a situação sozinha.

Telefonemas
A universitária Gabriela Stripoli Mendes, 20, também preferiu não contar aos seus pais sobre a ligação de um homem que a ameaçou com frases do tipo "Eu sei com quem você anda... E se eu te encontro, sabe o que eu faço?".
"Quando ele disse isso, respondi que ia desligar. Foi aí que ele falou o meu nome e os de alguns amigos, do meu colégio e da rua onde moro. Eu fiquei muda, acho que meio em choque", confessa. Com medo, Gabriela decidiu fazer um boletim de ocorrência. "Mas, como no meu celular não apareceu o número do cara, os policiais não quiseram fazer."
Em sua opinião, o homem, que ligou para ela só uma vez, deve ter obtido muitas das informações no Orkut. Já o telefone, ela acredita que foi por meio do MSN. "Alguns amigos meus comentaram que eu aparecia online em momentos em que estava fazendo outra coisa, ou seja, alguém logava meu MSN por mim", lamenta Gabriela, que diz ter apagado quase toda a sua vida virtual.
A verdade é que, mesmo quando não são inseridas informações ou fotos pessoais no Orkut, é possível, por meio das comunidades, ter uma idéia de como é o perfil da pessoa.
Muitos adolescentes, sem perceber, acabam dando essas informações ao fazerem parte de comunidades como "Colégio tal" ou "Moro na rua xis".
Não divulgar informações pessoais e evitar ao máximo postar imagens que possibilitem identificar seu estilo de vida são duas das várias recomendações (veja ao lado) que os internautas devem seguir, segundo Lúcio Costa, especialista em segurança na web da empresa Symantec Brasil.
Participante de mais de 200 comunidades, a estudante carioca Helena Rebello Coelho Gomes, 18, acredita que elas podem revelar bastante sobre o perfil de alguém. "Tenho um pouco de medo das conclusões precipitadas a meu respeito, mas, ao participar do Orkut, optei por me expor."
Mas, no caso de Helena, é o seu irmão, 21, quem implica bastante por ela participar de comunidades como "Amigas desequilibradas" e "Misturo qualquer coisa com vodka". "Depois de vê-las, ele perguntou sobre os hábitos das minhas amigas e se eu já cheguei a ficar mal com bebida, se já vomitei...", conta.

Precauções
Embora tenham decidido deletar o perfil do Orkut à época em que se sentiram ameaçadas, tanto Gabriela quanto Maria não conseguiram ficar de fora da rede durante muito tempo. No entanto, para evitar novos problemas, decidiram tomar algumas precauções.
No novo perfil de Maria, não há imagens em seu álbum e ela diz que só adiciona conhecidos. Já Gabriela decidiu participar de várias comunidades "inúteis" para camuflar as que gosta de freqüentar e não informa o nome das pessoas que aparecem em suas fotos.
"O Orkut é uma vitrine, onde todo mundo se expõe. No entanto devemos ter a consciência de que somos os responsáveis pelas informações que postamos na internet", crê Gabriela. Como afirma Maria, no mundo on-line, ninguém está cem por cento protegido.


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