São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2007

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>>Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br

Noite, cerveja gringa, um show triste

PERDIDO NA noite paulistana, decido tomar uma Guinness antes de voltar para casa. É um bar pequeno na região da rua Augusta, sem placa ou letreiro, um dos poucos na cidade que vende o néctar irlandês sem estar infestado de playboys.
Entro, e sou atingido pelo som que vem de um palco ao fundo. É um cover acústico de "Ciúme", do Ultraje a Rigor. Não faço idéia de quem é aquele sujeito ao violão, berrando: "Mas eu me mordo de ciúme!"
A balconista que me serve a Guinness informa que se trata de Wander Wildner, músico gaúcho das antigas, ex-Replicantes, hoje em carreira solo.
Tinha lido, acho que aqui mesmo na Folha, que Wildner, baseado no Rio Grande do Sul, de vez em quando passa uns dias em São Paulo, fazendo esses shows acústicos para platéias de poucos e bons.
No caso da apresentação que vi, não sei se o público era desses bons, mas com certeza era de poucos. Cerca de 20 gatos pingados, na maioria com aquele visual indie-hippie que parece ser dominante na atual noite de São Paulo, assistiam imóveis à apresentação. Já estive em velórios mais animados.
Por questão de idade e certa vergonha, faz muitos anos que não vou a esse tipo de lugar. Mas não senti nenhum estranhamento -parecia ter voltado 15 anos no tempo.
É o mesmo de sempre: artistas bem conectados na descolândia ganham status de "cult", são bem tratados na imprensa, mas não resistem a um mínimo choque de realidade. Não têm público.
Essa noite também serviu para colocar no devido tamanho o poder do mundo indie paulistano.
Claro que não dá para usar esse show caidaço como parâmetro de toda uma cena, mas tenho sérias dúvidas se esse universo "alternativo" tem fôlego ou relevância para qualquer coisa mais vigorosa do que essa triste apresentação de Wander Wildner.

CD PLAYER

PLAY:"Galileo (Someone Like You)", Declan O'Rourke
Romance e ciência nessa balada que Paul Weller escolheu para o CD da revista "Uncut" deste mês.

PAUSE: "Simpons, o Filme"
Acho que foi o "New York Times" que definiu: o filme é tão bom quanto um episódio mediano do desenho na TV. É mesmo.

EJECT: A volta da Blitz
A prova de que está errado o ditado "não há mal que sempre dure".


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