São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2010

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Eleitor abestado?

A ELEIÇÃO DE 2010 ESTÁ CHEIA DE CANDIDATOS "EXÓTICOS", MAS O QUE SIGNIFICA VOTAR NELES?

IURI DE CASTRO TÔRRES
DE SÃO PAULO

"Adivinha quem é?", pergunta alguém por trás de mãos que escondem o rosto.
"Sou eu, o abestado! Vote Tiririca para deputado federal", responde o palhaço Francisco Oliveira Silva, o mais expressivo de uma onda de candidatos "exóticos" das eleições deste ano.
Além dele, há a Mulher Pêra, o jogador de futebol Romário, os irmãos da banda KLB e a cantora Simony.
Líder na pesquisa de intenção de votos divulgada pelo Datafolha, com 3%, Tiririca (PR-SP) pode se mudar de mala e cuia para Brasília, com salário de R$ 16 mil.
Ele admite não saber o que faz um deputado federal. E só na semana passada apresentou propostas de governo, como incentivos fiscais para o circo e luta contra discriminação de nordestinos.
Cativou eleitores jovens na base do deboche.
Para David Fleischer, professor de ciência política da UnB (Universidade de Brasília), o voto no palhaço é visto como uma forma de protesto, mas pode ser pura alienação.
"Muitos jovens não sabem, mas o Tiririca pode ajudar na eleição de candidatos como Valdemar Costa Neto, envolvido no escândalo do mensalão", diz Fleischer.
Ele se refere ao voto proporcional, que permite a eleição de candidatos da mesma coligação. Tiririca seria, portanto, "puxador de votos".
"O Tiririca diz: "Pior do que está não fica'", afirma Felipe Alves, 16, que usou cartazes para fazer campanha na escola. "Todos os candidatos prometem e não cumprem. Ele, ao menos, é sincero."
Para José Azevedo, 19, "a política brasileira já é uma palhaçada. Então, é melhor ter um palhaço de verdade."
"A candidatura de Tiririca é legítima", diz Fleischer. Mas, ao contrário do slogan do "abestado", tudo sempre pode piorar.


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