|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Eleitor abestado?
A ELEIÇÃO DE 2010 ESTÁ CHEIA DE CANDIDATOS "EXÓTICOS", MAS O QUE SIGNIFICA VOTAR NELES?
IURI DE CASTRO TÔRRES
DE SÃO PAULO
"Adivinha quem é?", pergunta alguém por trás de
mãos que escondem o rosto.
"Sou eu, o abestado! Vote
Tiririca para deputado federal", responde o palhaço
Francisco Oliveira Silva, o
mais expressivo de uma onda de candidatos "exóticos"
das eleições deste ano.
Além dele, há a Mulher Pêra, o jogador de futebol Romário, os irmãos da banda
KLB e a cantora Simony.
Líder na pesquisa de intenção de votos divulgada
pelo Datafolha, com 3%, Tiririca (PR-SP) pode se mudar
de mala e cuia para Brasília,
com salário de R$ 16 mil.
Ele admite não saber o que
faz um deputado federal. E só
na semana passada apresentou propostas de governo,
como incentivos fiscais para
o circo e luta contra discriminação de nordestinos.
Cativou eleitores jovens na
base do deboche.
Para David Fleischer, professor de ciência política da
UnB (Universidade de Brasília), o voto no palhaço é visto
como uma forma de protesto,
mas pode ser pura alienação.
"Muitos jovens não sabem, mas o Tiririca pode ajudar na eleição de candidatos
como Valdemar Costa Neto,
envolvido no escândalo do
mensalão", diz Fleischer.
Ele se refere ao voto proporcional, que permite a eleição de candidatos da mesma
coligação. Tiririca seria, portanto, "puxador de votos".
"O Tiririca diz: "Pior do que
está não fica'", afirma Felipe
Alves, 16, que usou cartazes
para fazer campanha na escola. "Todos os candidatos
prometem e não cumprem.
Ele, ao menos, é sincero."
Para José Azevedo, 19, "a
política brasileira já é uma
palhaçada. Então, é melhor
ter um palhaço de verdade."
"A candidatura de Tiririca
é legítima", diz Fleischer.
Mas, ao contrário do slogan
do "abestado", tudo sempre
pode piorar.
Texto Anterior: Candidatos apelam para os super-heróis Próximo Texto: Deputado Federal Índice | Comunicar Erros
|