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INTERNETS
RONALDO LEMOS - ronaldolemos09@gmail.com
Domínio público deve ser levado a sério
TOMEI UM susto na semana passada. Aconteceu enquanto eu lia um trabalho
ainda inédito do professor
carioca Sergio Branco sobre
o domínio público: o conjunto de obras que ficam "livres" quando seus direitos
autorais acabam.
Estão em domínio público, por exemplo, os livros de
Machado de Assis e os sambas de Noel Rosa. Isso porque ambos morreram há
mais de 70 anos. A partir
daí, é possível fazer o que
quiser: copiar, remixar, colocar na internet, adaptar
para o cinema etc.
Sergio mostra que a Biblioteca Nacional (e também o Arquivo Nacional e o
Museu da Imagem e do Som
do Rio) parecem não gostar
muito do domínio público.
Quem vai até a Biblioteca
Nacional para copiar fotos
de São Paulo já em domínio
público paga até R$ 79 por
foto e assina um "termo de
responsabilidade" obrigando-se a "não repassar a terceiros" as imagens.
Se a função da Biblioteca
Nacional é facilitar o acesso
ao domínio público, por que
impedir sua circulação?
Lembrei-me na hora de
uma história. Um jovem de
22 anos chamado Aaron
Swartz descobriu que acontecia o mesmo nos EUA: informações em domínio público estavam sendo cobradas e proibidas de circular.
Ele criou então um programa que baixava todo o
conteúdo e disponibilizava
tudo de graça na internet.
Com isso, ganhou uma investigação pelo FBI (que
não deu em nada, já que ele
estava fazendo algo legal) e
uma reportagem de página
inteira no "New York Times" (nyti.ms/Oc9g3).
Fica a ideia para os acervos brasileiros. Em vez de
esperar aparecer alguém
como Aaron, façam por
contra própria o que ele fez.
Mudem a política de
acesso. Se copiar uma obra
em domínio público e colocá-la na internet em um site
aberto como a Wikipedia
(com a devida identificação), o usuário ganhará o
reembolso da taxa paga.
Seria um bom passo para
fazer as pazes com o domínio público.
JÁ ERA
Chegar em casa depois da balada e ligar para o(a) ex
JÁ É
Chegar em casa depois da balada e ficar na internet
JÁ VEM
Ser impedido de usar a internet depois da balada pelo socialmediasobrietytest.com
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