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MANUAL DO CICLISTA URBANO
TROCAR O CARRO PELA BIKE É UMA BOA, MAS NÃO DÊ MOLE NO TRÂNSITO
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO
Aos poucos, o jovem brasileiro vai descobrindo a roda.
Da bicicleta.
Pedalar emagrece. Faz
bem ao bolso e ao ambiente.
Sem a chateação do trânsito,
você vai chegar vapt-vupt no
destino.
Motivos para deixar o carro na garagem ou dispensar o
buzão não faltam. Mas também sobram razões para redobrar a atenção nas ruas de
uma cidade grande.
O ciclista urbano pode se
sentir numa espécie de videogame. Para chegar ao fim
da fase, precisa superar vários obstáculos no caminho.
Há trechos que, de tão esburacados, mais parecem
um queijo suíço. Ciclovias?
Em falta. São Paulo, a maior
cidade do país, só tem 37,5
km delas, contra cerca de 17
mil km da malha viária total,
segundo a CET (Companhia
de Engenharia de Tráfego).
Motoristas sem noção também são um perigo.
Por pouco, o universitário
Felipe Martini, 21, não sentiu
isso na pele. Numa sexta-feira de fevereiro, ele tirou sua
magrela de casa para se juntar a cerca de 150 ciclistas no
asfalto de Porto Alegre. Deveria encontrar o grupo às 19
horas, mas chegou cinco minutos atrasado.
Estava, portanto, um pouco para trás quando, de repente, um carro acelerou e
atropelou 17 companheiros
de pedalada. Era a galera do
Massa Crítica, movimento
que defende o uso da bike no
trânsito.
Uma vez por mês, eles se
encontram e entoam palavras de ordem como "mais
amor, menos motor" e "bicicleta é um carro a menos".
Naquele dia foi diferente.
Na hora, Felipe ainda não
tinha como saber que ninguém havia se ferido gravemente. "Estava um caos total. Meus amigos nem me
cumprimentavam. Queriam
ver se os outros estavam vivos. Teve pessoas voando!"
Jogadas no YouTube, as
imagens do atropelamento
rodaram o mundo.
O Código Brasileiro de
Trânsito é claro: na ausência
de pistas específicas para ele,
o ciclista tem tanto direito de
circular nas ruas quanto um
carro. Melhor: tem até "preferência sobre automotores".
Já a calçada é do pedestre.
É mancada não desmontar
da bike. Confira outras dicas
para pedalar sem estresse.
15
BICICLETÁRIOS
EM ESTAÇÕES DO METRÔ DE SÃO PAULO
30
QUILÔMETROS
DE CICLOFAIXAS DE LAZER EM SÃO PAULO
37,5
QILÔMETROS
DE CICLOVIA EM SÃO PAULO
PORTA NA CARA
Acidentes ocorrem quando as portas do carro estacionado são abertas de repente, derrubando ciclista que nem pinball. Evite andar colado aos veículos parados
SIGA O FLUXO
Nada de pedalar contra a maré: ande sempre na mão dos carros, pela direita (faixa de trânsito mais lento). Quando sai da vaga ou faz a curva, o motorista está de olho no retrovisor, não na bike que vem pela frente
FUMACÊ
O ciclista está mais exposto ao ar poluído. Em compensação, não fica preso no tráfego. Mesmo assim, desvie das grandes avenidas, que costumam formar o paredão da fumaça
BRILHA MUITO
Abrace as roupas chamativas e claras. Cole adesivos fosforescentes na bike. Principalmente à noite, vestes escuras são um perigo
CENTRO DAS ATENÇÕES
Ocupe a faixa. É o seu direito dividir asfalto com os carros. O motorista precisa manter a distância de 1,5 m. Mas, se vê a "magrela" espremida no meio-fio, pode tentar a ultrapassagem. Às vezes não rola, e um esbarrão pode te derrubar
MELHOR PREVENIR
Sem lenço pode até ser, mas com documento: sempre carregue no bolso uma identificação e, se possível, a carteirinha do plano de saúde
55
QILÔMETROS
PREVISÃO DE NOVAS CICLOVIAS NA PERIFERIA DE SÃO PAULO
61
MORTOS
EM ACIDENTES ENVOLVENDO CICLISTAS (DADOS DE 2009)
IPOD
Pode distrair, mas não é proibitivo
KIT ANTIRROUBO
Trancas especiais, vendidas em qualquer bicicletaria
NA MOCHILA
Água, barrinha de cereal, toalha e uma roupa para trocar. A bolsa não deve ir nas costas, pois isso pode aumentar o suor e até te desequilibrar
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