São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 2011

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MANUAL DO CICLISTA URBANO

TROCAR O CARRO PELA BIKE É UMA BOA, MAS NÃO DÊ MOLE NO TRÂNSITO

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO

Aos poucos, o jovem brasileiro vai descobrindo a roda. Da bicicleta.
Pedalar emagrece. Faz bem ao bolso e ao ambiente. Sem a chateação do trânsito, você vai chegar vapt-vupt no destino.
Motivos para deixar o carro na garagem ou dispensar o buzão não faltam. Mas também sobram razões para redobrar a atenção nas ruas de uma cidade grande.
O ciclista urbano pode se sentir numa espécie de videogame. Para chegar ao fim da fase, precisa superar vários obstáculos no caminho.
Há trechos que, de tão esburacados, mais parecem um queijo suíço. Ciclovias? Em falta. São Paulo, a maior cidade do país, só tem 37,5 km delas, contra cerca de 17 mil km da malha viária total, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Motoristas sem noção também são um perigo.
Por pouco, o universitário Felipe Martini, 21, não sentiu isso na pele. Numa sexta-feira de fevereiro, ele tirou sua magrela de casa para se juntar a cerca de 150 ciclistas no asfalto de Porto Alegre. Deveria encontrar o grupo às 19 horas, mas chegou cinco minutos atrasado.
Estava, portanto, um pouco para trás quando, de repente, um carro acelerou e atropelou 17 companheiros de pedalada. Era a galera do Massa Crítica, movimento que defende o uso da bike no trânsito.
Uma vez por mês, eles se encontram e entoam palavras de ordem como "mais amor, menos motor" e "bicicleta é um carro a menos".
Naquele dia foi diferente.
Na hora, Felipe ainda não tinha como saber que ninguém havia se ferido gravemente. "Estava um caos total. Meus amigos nem me cumprimentavam. Queriam ver se os outros estavam vivos. Teve pessoas voando!"
Jogadas no YouTube, as imagens do atropelamento rodaram o mundo.
O Código Brasileiro de Trânsito é claro: na ausência de pistas específicas para ele, o ciclista tem tanto direito de circular nas ruas quanto um carro. Melhor: tem até "preferência sobre automotores".
Já a calçada é do pedestre. É mancada não desmontar da bike. Confira outras dicas para pedalar sem estresse.


15
BICICLETÁRIOS
EM ESTAÇÕES DO METRÔ DE SÃO PAULO


30
QUILÔMETROS
DE CICLOFAIXAS DE LAZER EM SÃO PAULO


37,5
QILÔMETROS
DE CICLOVIA EM SÃO PAULO


PORTA NA CARA
Acidentes ocorrem quando as portas do carro estacionado são abertas de repente, derrubando ciclista que nem pinball. Evite andar colado aos veículos parados

SIGA O FLUXO
Nada de pedalar contra a maré: ande sempre na mão dos carros, pela direita (faixa de trânsito mais lento). Quando sai da vaga ou faz a curva, o motorista está de olho no retrovisor, não na bike que vem pela frente

FUMACÊ
O ciclista está mais exposto ao ar poluído. Em compensação, não fica preso no tráfego. Mesmo assim, desvie das grandes avenidas, que costumam formar o paredão da fumaça

BRILHA MUITO
Abrace as roupas chamativas e claras. Cole adesivos fosforescentes na bike. Principalmente à noite, vestes escuras são um perigo

CENTRO DAS ATENÇÕES
Ocupe a faixa. É o seu direito dividir asfalto com os carros. O motorista precisa manter a distância de 1,5 m. Mas, se vê a "magrela" espremida no meio-fio, pode tentar a ultrapassagem. Às vezes não rola, e um esbarrão pode te derrubar

MELHOR PREVENIR
Sem lenço pode até ser, mas com documento: sempre carregue no bolso uma identificação e, se possível, a carteirinha do plano de saúde

55
QILÔMETROS
PREVISÃO DE NOVAS CICLOVIAS NA PERIFERIA DE SÃO PAULO


61
MORTOS
EM ACIDENTES ENVOLVENDO CICLISTAS (DADOS DE 2009)


IPOD
Pode distrair, mas não é proibitivo

KIT ANTIRROUBO
Trancas especiais, vendidas em qualquer bicicletaria

NA MOCHILA
Água, barrinha de cereal, toalha e uma roupa para trocar. A bolsa não deve ir nas costas, pois isso pode aumentar o suor e até te desequilibrar


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