São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2008

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educação

A retomada do movimento estudantil

Acadêmicos comentam as recentes ocupações de universidades brasileiras e dizem por que são contra a ação da polícia

DA REPORTAGEM LOCAL

Para a socióloga e professora titular aposentada da Unicamp Maria da Glória Gohn, as ocupações de reitorias marcam um novo momento no movimento estudantil contemporâneo.
"Eles deixaram de se interessar apenas por questões pontuais, como a carteirinha e o bandeijão, para se mobilizar em torno de questões gerais, como a questão da ética. Isso foi possível apenas em momentos específicos da conjuntura nacional, como as Diretas Já e o Fora Collor. Agora, o interessante é que eles saíram sozinhos, sem participação de outros segmentos sociais", diz.
Para ela, apesar de haver a influência de partidos políticos, as ocupações se caracterizaram principalmente pela "multiplicidade de orientações ideológicas, partidárias e políticas".
Ela observa também que as reivindicações são bastante particulares, ligadas à realidade de cada universidade. "Onde foi possível articular ações com mais unidade, eles alcançaram êxito. Quando houve fragmentação também nas questões internas, o movimento foi malsucedido", observa.
Já para o professor do departamento de política da PUC Lucio Flavio de Almeida, esse tipo de ação acontece ciclicamente desde o principal marco do movimento estudantil, ocorrido há 40 anos, em Paris, o famoso maio de 68. "Os motivos nem sempre são os mesmo, mas há sempre alguma luta por maior liberdade."
Por isso, diz ele, não há motivos para se escandalizar nem para apelar para procedimentos repressivos. "Independentemente da legitimidade de cada ocupação, nada justifica acionar a polícia. O movimento estudantil não deve ser tratado como caso de polícia, e sim como caso de política. A universidade tem meios de resolver seus problemas sem apelar para a força policial", conclui.
(LETICIA DE CASTRO)


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