São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2008

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TRECHO

"Senti uma brisa diferente. Perfumada. Caminhei até a porta para fechá-la. Novamente aquele arrepio na espinha. O toque de uma mão na minha nuca. A sensação forte de uma presença invisível. Virei a maçaneta e fiquei paralisado. Do fundo da noite, uma voz diferente, de uma doçura inexplicável, pediu assim:

- Ei, espere, eu também quero entrar.

Ian e eu ficamos mudos, boquiabertos, embasbacados, diante da aparição.

Ela era ruiva, miúda, os cabelos crespos espalhando-se pelas costas, saia florida esvoaçante, camiseta cor-derosa, bandana na testa, sorriso inocente, que desmentia o impacto contundente dos olhos largos, lúcidos.

- Eu sou Lenora - ela anunciou.

- Posso entrar?"



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