FOI EM Curitiba na semana passada, mas poderia ter sido em qualquer cidade do Brasil. Dois garotos de 17, 18 anos caminhavam pela rua, cerca de 20h, em uma área nobre da cidade. Eles acabavam de sair de um shopping e não faziam nada além de caminhar e conversar.
Sobe pela rua um carro com outros quatro garotos. Sem que nada houvesse acontecido, o grupo do carro começa a xingar os garotos que descem a pé. Chamam os meninos de "gay", de "veado", entre outras ofensas impublicáveis. Ameaçam descer do carro e bater nos garotos.
Quem passa pela rua fica estarrecido, não entende o que acontece. O motorista, um garoto loiro de 20 anos é o mais alterado e agressivo. Talvez bêbado, talvez vindo de um jogo de futebol, talvez sob o efeito de alguma outra substância, mas, certamente, querendo mostrar para os amigos e para o resto da rua aquela prova absolutamente desnecessária de sua masculinidade.
Desnecessária porque quem é homem de verdade não precisa provar para os outros. É homem e ponto. A atitude do garoto loiro lembra muito mais a de alguém que se sente "ameaçado" pela sexualidade do outro ou, talvez, assustado com os seus próprios desejos. É, meu caro, tem muita gente que ameaça para se defender. Faz barulho para não ouvir a voz dos seus próprios fantasmas.
Interpretações à parte, é lamentável que isso ainda aconteça. Esse comportamento é de uma violência inadmissível para um ser humano e para um país que já enfrenta tantos problemas, tantas dificuldades, tantas exclusões.
Cada atitude violenta e covarde (sim, porque se o indivíduo estivesse sozinho jamais faria o que fez) como essa só colabora para a manutenção dos preconceitos e da intolerância. A população tem que aprender a denunciar esse tipo de comportamento. Preconceito é crime e quem faz o que essas pessoas fizeram tem que prestar contas à Justiça e à lei. A gente tem que aprender a viver em sociedade.
E por falar em problemas do país no campo da sexualidade e dos jovens, vale a pena assistir ao filme "Anjos do Sol", de Rudi Lagemann, um dos ganhadores do Festival de Gramado. A exploração sexual de garotas menores de idade é o tema central dessa história. Não perca!


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