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MÚSICA
Ultramen aposta no ecletismo demarcado em novo disco
Uma canção para cada público
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
A pergunta parece simples: "Que tipo de som
faz o Ultramen?". No entanto, quando se trata
dessa banda gaúcha, a resposta ganha amplitude.
Ao tentar fugir de um rótulo, o Ultramen confunde outros mil: samba-rock, hip hop, reggae,
hardcore, soul e rap, todos presentes em seu terceiro CD, "O Incrível Caso
da Música que Encolheu e
Outras Histórias".
"Nossa música é miscigenada, eclética e culturalmente variada", defende o vocalista Tonho
Crocco, 29.
Não se trata aqui de músicas de estilo híbrido. Cada gênero tem seu lugar
delimitado entre o início e
o fim de cada faixa. "Estamos mais radicais neste
disco. Os hardcores são
mais intensos. Os reggaes
são mais reggaes. E isso
tem a ver com o trabalho
do [Daniel" Ganja Man,
que produziu nosso disco
e é um cara tão eclético
quanto a nossa música",
completa Crocco. O produtor integra o selo Instituto, já trabalhou com nomes de peso da cena nacional, como Racionais
MC's, MV Bill, Nação
Zumbi e Clube do Balanço, e ajudou o grupo a encontrar as sonoridades
precisas que buscou nos
dois discos anteriores
-lançados pelo selo Rockit!, de Dado Villa-Lobos-, além de arrematar
a simpatia do norte-americano MC Ty, do selo de
hip hop Ninja Tune, que
passou no estúdio para visitar o produtor, pediu
para participar do CD e
improvisou na faixa "Justiça Divina".
"A gente acredita em
público eclético. No cara
que gosta de acordar e ouvir um jazz, de colocar um
reggae de tarde, de ouvir
um hip hop no caminho
para a balada e que, chegando lá, assiste a um
show do Sepultura. Isso é
o Brasil da variedade de
raças e de religiões, da diferença econômica. O desafio é abraçar tudo isso
sem perder o fio da meada", diz o vocalista.
A idéia de subverter o
conceito tradicional de
tribo ou de radicalismo
musical não se limita à
melodia das canções. Nas
letras, também há espaço
para a multiplicidade: da
comportada "Coisa Boa",
um reggae pop, ao hardcore "Confessionário",
que fala do caso dos padres pedófilos.
Tal liberdade foi apurada na própria cena musical gaúcha, onde, segundo
a banda, quase não há distinção entre o público do
show de rap e o do show
de rock. "A nossa função
como músicos não era só
divertir as pessoas, mas
abrir a cabeça delas, abrir
sua percepção, seus ouvidos para outras coisas",
afirma Crocco. "Temos a
pretensão de transformar
as pessoas e de buscar esse
público eclético, que gosta
de Mutantes, de Orishas e
de Beastie Boys ao mesmo
tempo."
Salve-se o purista que
puder.
Para ouvir a música "3" com
Ultramen, ligue para: 0/xx/11/
3471-4000 e escolha a opção
Música - Lançamento. Custo só
o da ligação.
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