São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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MÚSICA

Ultramen aposta no ecletismo demarcado em novo disco

Uma canção para cada público

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

A pergunta parece simples: "Que tipo de som faz o Ultramen?". No entanto, quando se trata dessa banda gaúcha, a resposta ganha amplitude. Ao tentar fugir de um rótulo, o Ultramen confunde outros mil: samba-rock, hip hop, reggae, hardcore, soul e rap, todos presentes em seu terceiro CD, "O Incrível Caso da Música que Encolheu e Outras Histórias".
"Nossa música é miscigenada, eclética e culturalmente variada", defende o vocalista Tonho Crocco, 29.
Não se trata aqui de músicas de estilo híbrido. Cada gênero tem seu lugar delimitado entre o início e o fim de cada faixa. "Estamos mais radicais neste disco. Os hardcores são mais intensos. Os reggaes são mais reggaes. E isso tem a ver com o trabalho do [Daniel" Ganja Man, que produziu nosso disco e é um cara tão eclético quanto a nossa música", completa Crocco. O produtor integra o selo Instituto, já trabalhou com nomes de peso da cena nacional, como Racionais MC's, MV Bill, Nação Zumbi e Clube do Balanço, e ajudou o grupo a encontrar as sonoridades precisas que buscou nos dois discos anteriores -lançados pelo selo Rockit!, de Dado Villa-Lobos-, além de arrematar a simpatia do norte-americano MC Ty, do selo de hip hop Ninja Tune, que passou no estúdio para visitar o produtor, pediu para participar do CD e improvisou na faixa "Justiça Divina".
"A gente acredita em público eclético. No cara que gosta de acordar e ouvir um jazz, de colocar um reggae de tarde, de ouvir um hip hop no caminho para a balada e que, chegando lá, assiste a um show do Sepultura. Isso é o Brasil da variedade de raças e de religiões, da diferença econômica. O desafio é abraçar tudo isso sem perder o fio da meada", diz o vocalista.
A idéia de subverter o conceito tradicional de tribo ou de radicalismo musical não se limita à melodia das canções. Nas letras, também há espaço para a multiplicidade: da comportada "Coisa Boa", um reggae pop, ao hardcore "Confessionário", que fala do caso dos padres pedófilos.
Tal liberdade foi apurada na própria cena musical gaúcha, onde, segundo a banda, quase não há distinção entre o público do show de rap e o do show de rock. "A nossa função como músicos não era só divertir as pessoas, mas abrir a cabeça delas, abrir sua percepção, seus ouvidos para outras coisas", afirma Crocco. "Temos a pretensão de transformar as pessoas e de buscar esse público eclético, que gosta de Mutantes, de Orishas e de Beastie Boys ao mesmo tempo."
Salve-se o purista que puder.


Para ouvir a música "3" com Ultramen, ligue para: 0/xx/11/ 3471-4000 e escolha a opção Música - Lançamento. Custo só o da ligação.


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