|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Líder do Nirvana deixa herança que dura até hoje
O pai e os filhos do grunge
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
No dia 5 de abril de 1994, provavelmente de manhã bem cedo, Kurt
Cobain, vocalista e guitarrista do Nirvana, suicidou-se com um tiro na cabeça,
em uma estufa de plantas, no andar de
cima da garagem de sua casa em Seattle,
no Estado de Washington (EUA).
Três dias depois, seu corpo foi encontrado por um eletricista, Gary Smith, e,
poucas horas mais tarde, a notícia já era
divulgada pela rádio local KXRX e logo
por todo o planeta. O mundo da música
nunca mais seria o mesmo.
Aos 27 anos, Kurt Cobain preferiu
"queimar de uma vez a desaparecer devagar", como escreveu em sua carta de
despedida, usando o trecho da música
"My My, Hey Hey", de Neil Young.
Oficialmente, a banda deixou quatro
álbuns, "Bleach" (1989), "Nevermind"
(1991), a coletânea de raridades "Incesticide" (1992) e o derradeiro "In Utero"
(1993), e mais dois póstumos, "MTV
Unplugged in New York" e a coletânea
"Nirvana". Mas as conseqüências de
sua carreira meteórica no rock e no pop
podem ser sentidas até hoje, dez anos
depois, e vão muito além da fria cidade
de Seattle, pois Kurt não deixou apenas
uma filha, Frances Bean, mas vários filhos, artistas que devem sua existência
ao legado do "pai do grunge".
Se não fosse pelo Nirvana, os artistas
mais vendidos (e fatalmente os únicos
lançados pelas gravadoras) ainda seriam astros do pop como o grupo U2, a
família Jackson e bandas de metal "farofa" como Bon Jovi e Mötley Crüe.
Grupos como Green Day, Blink-182,
Limp Bizkit e Silverchair provavelmente nunca teriam sido formados. Mesmo
se tivessem, talvez nunca saíssem de
suas garagens.
Até mesmo Britney Spears, Christina
Aguilera e Justin Timberlake se beneficiaram da existência do Nirvana, pois o
grupo criou ótimas condições para o
renascimento do pop dançante estilo
anos 80 -afinal, várias rádios conservadoras dos EUA não aceitavam o
punk rock superbarulhento produzido em Seattle.
Não podemos esquecer duas pessoas
diretamente relacionadas a Kurt. A
primeira é o baterista Dave Grohl, que
entrou no Nirvana depois do lançamento do primeiro disco. Não fosse
por Kurt, talvez o Foo Fighters nunca
tivesse embarcado em sua bem-sucedida carreira, que dura até hoje.
E não podemos esquecer, é claro, a
viúva, a controversa Courtney Love,
que hoje encara processos por porte de
drogas sem receita médica. Acusada
até de articular um suposto assassinato
de Kurt, ela lançou o álbum "Live
Through This", do Hole, dois dias depois de o corpo ser encontrado. Seria
mera coincidência? Ela lança agora seu
primeiro ábum solo, "America's Sweetheart".
Courtney é ainda responsabilizada por
embaçar o lançamento da tão falada caixa do Nirvana, que deverá trazer, se um
dia sair do mundo das idéias, tudo o que
Kurt produziu com o Nirvana e ainda faixas de seu primeiro grupo, o Fecal Matter, quando ele tinha 18 anos, tocando ao
lado de Dale Crover, baterista da banda
Melvins e antigo chegado de Kurt.
Poucas pessoas tiveram acesso a esse
material. Mike Ziegler, amigo de Dale, diz
ter uma fita, que ele encontrou em 2000,
mas espera para revelar seu conteúdo somente no lançamento da caixa.
A grande coletânea deverá trazer ainda
mais duas músicas que foram feitas na
mesma sessão de gravação de "You
Know You're Right", faixa inédita da coletânea "Nirvana", chamadas "Butterfly"
e "Skid Marks".
Vale lembrar que é preciso tomar cuidado com faixas falsas que circulam em
sites de trocas de download gratuito, como é o caso de uma suposta gravação que
Kurt teria feito com amigos no porão de
casa, intitulada "Dough, Ray and Me".
Texto Anterior: Música: Qeum precisa de LOVE Próximo Texto: Para fãs, ídolo não suportou o peso do sucesso Índice
|