São Paulo, segunda-feira, 29 de março de 2004

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GAME ON

Videogame é o faroeste dos dias de hoje

ANDRÉ VAISMAN
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Saiu a mais nova versão de "Counter-Strike", o maior sucesso das LAN houses e entre os jogos on-line. Terroristas de um lado e contraterroristas do outro. É uma loucura entre os fãs de jogo em rede. Meninos e meninas passam horas, dias e semanas matando uns aos outros. Campeonatos mundiais são organizados e times se formam em todos os continentes com bons patrocínios.
O jogo em questão é, segundo classificação do Ministério da Justiça, inadequado para menores de 18 anos, ainda que a molecada jogue sem problemas. Jogado solitariamente é chato, mas no modo multiplayer é espetacular, provando que jogar videogame é uma atividade social, ainda que a motivação maior seja matar. Aí vêm as perguntas de pais e mestres: "Qual a validade disso?" ou "Não estamos criando psicopatas violentos?". O gamer mais esperto pode devolver a pergunta: "Pai, você brincou de bang-bang? Matou alguém brincando com revólveres de espoleta?".
A verdade é que a velha arma de espoleta e o mais novo game de tiro se equivalem. O "upgrade" é óbvio, mas o sentido da brincadeira é exatamente o mesmo. Ao fingir ser o caubói ou o índio, o pai do gamer partia para a matança, aliviava suas tensões, enfrentava seus fantasmas, ganhava segurança com o poder adquirido na fantasia. Fazer de conta que se é um herói ou um bandido é muito mais seguro e pacífico do que assistir aos supostos heróis matando supostos bandidos e vice-versa na vida real.


Colaborou Fabio Silva


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