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SOCIEDADE
Dispensa filosófica
DA REPORTAGEM LOCAL
Caio Maniero D'Auria, 23,
é contra o uso de armas
para a solução de conflitos políticos, mas teve de entrar
numa batalha de nervos para
conseguir dispensa do serviço
militar obrigatório alegando
objeção de consciência.
À época de seu alistamento,
em 2004, Caio considerava-se
um anarquista com propensões
humanistas. Era contra instituições como o Exército e contra matar pessoas na eventualidade de uma guerra.
Ele poderia ter seguido pelo
caminho mais fácil e, simplesmente, ter dito que não queria
servir, já que poucos involuntários são convocados.
"Temos que sair do campo
das ideias e partir para a ação",
diz D'Auria sobre a obstinação
de seguir até o fim no processo.
No entanto, mesmo os dispensados têm de prestar juramento à bandeira brasileira
que, entre outras coisas, inclui
a promessa de morrer pela pátria se for convocado.
"Seria muito hipócrita eu jurar isso", diz D'Auria. "Pensei
em desistir em vários momentos, mas segui." A dispensa definitiva só veio em 2008.
Nesse período de quatro
anos, diz ter ficado em "stand-by": não podia concorrer a cargo público nem tirar documentos como passaporte e carteira
de trabalho (que já tinha).
A Constituição permite que o
conscrito (termo para definir
os jovens em fase de alistamento) se oponha à obrigatoriedade por motivos religiosos, filosóficos ou políticos.
Mas para conseguir a dispensa é necessário estar filiado a alguma instituição contrária ao
militarismo. Testemunhas de
Jeová, por exemplo, são isentas. D'Auria buscou ajuda na
ONG Marcha Mundial pela
Paz. "O pensamento deles é totalmente convergente com o
meu: não violência como forma
de ação", diz.
Segundo o Ministério da Defesa, 280 pessoas pediram dispensa por objeção de consciência desde 2004, a maioria por
motivos religiosos. Elas deveriam prestar serviço alternativo, mas, como ainda não há
convênios firmados com a sociedade civil, são dispensados
dele também.
(ICT)
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