São Paulo, segunda-feira, 29 de março de 2010

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SEXO & SAÚDE

Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br

Circuncisão e Aids

Você já deve ter ouvido falar que a circuncisão (retirada do prepúcio, pele que recobre a glande do pênis) pode ser um dos métodos para diminuir a infecção pelo vírus HIV, causador da Aids.
Nos últimos anos, a Unaids (agência da ONU para a Aids) chegou a recomendar a circuncisão como método de prevenção nos países africanos, em que a taxa de contaminação pelo vírus é muito alta.
A explicação da ciência é que, na parte interna do prepúcio, o HIV conseguiria se "ancorar" mais facilmente, abrindo assim a porta para a infecção. O mesmo valeria para outras doenças sexualmente transmissíveis.
De fato, a retirada do prepúcio pode facilitar a higienização da glande e, assim, reduzir o risco de diversas infecções e até de lesões precursoras do câncer.
Mas uma pesquisa divulgada pelo CDC (Centro de Controle de Doenças, dos EUA) e publicada na Folha na última semana acendeu uma "luz vermelha" entre os pesquisadores. Avaliando quase 5.000 homens nos EUA, Canadá e Holanda, não houve diferenças na taxa de contaminação pelo vírus entre os que eram circuncidados e os que não eram.
Homens homossexuais e bissexuais (provavelmente por também fazerem sexo anal receptivo) acabam não tendo essa eventual proteção. Da mesma maneira, mulheres que se relacionam com homens que estão com o vírus também ficam expostas.
Talvez o impacto da circuncisão nos países desenvolvidos (onde a taxa de infecção pelo HIV na população é próxima a 0,5% e há acesso a medicamentos) seja diferente do resultado na África (com taxas de infecção de até 20% e sem distribuição ampla dos remédios).
Aliás, por falar em HIV, as novidades sobre prevenção não foram animadoras nos últimos meses. Além do alerta para a circuncisão, o teste com uma vacina dupla, que prometia alcançar algum nível de proteção, também teve seu efeito limitado a um curto espaço de tempo. Novas vacinas eficazes não estão próximas.
Do ponto de vista do cuidado, a camisinha continua a ser o único recurso confiável. O problema com ela é que os jovens costumam abandoná-la precocemente, quando em relações estáveis. Mas não dá para deixar a única proteção que se tem hoje fora da relação!


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