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Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br
Não vai haver ninguém como Michael Jackson
Quando Frank Sinatra morreu, em 98, houve quem
dissesse que o século 20 acabava ali. Mas talvez
não. Talvez tenha acabado só agora, no dia 25 de
junho, quando o coração de Michael Jackson parou.
Nunca vai haver um astro como ele. Perto da dimensão de Michael, como artista e como celebridade bizarra, alguém como Justin Timberlake, para citar uma estrela dos tempos atuais, parece um monge budista. Sem
graça nem "drive".
Jackson representa uma época que não volta. Foi o cara que vendeu dezenas de milhões de discos, que vivia
como marajá pendurado na gravadora, que gastava zilhões para fazer um videoclipe.
Hoje, ninguém mais vende nada, as gravadoras não
têm dinheiro para bancar maluco nenhum e qualquer
câmera comprada na loja da esquina (mais softwares de
pós-produção que podem custar nada) geram um videoclipe de primeira classe.
Os novos tempos foram cruéis para Michael. Ao mesmo tempo em que as vendas de CDs caíam para todo
mundo, ele se afundava numa realidade paralela -uma
espécie de Elvis negro, isolado, doente e improdutivo.
Como apontou o crítico Jon Pareles, do "New York Times", ele era um paradoxo: como criança, era um prodígio, um pequeno adulto. Como adulto, era infantilizado.
Compara-se muito Jackson a Elvis e a Madonna, mas
ele ganha no cotejo. Porque era músico, produtor, artista multimídia e compositor. Não era um simples boneco
que cantava o que os outros escreviam para ele.
Mas era também um alucinado de primeira ordem.
Alguém com fragilidades físicas e psicológicas que afetaram diretamente a qualidade e a frequência de sua atividade artística. Aí, a comparação mais apropriada é
com Brian Wilson, dos Beach Boys, também filho de pai
tirano e músico frustrado.
Wilson, 67, está vivo, um zumbi de si mesmo. Jackson
morreu antes de chegar a esse ponto.
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