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São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2003

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BALÃO

Quando o sangue brota das palmas das mãos

SIDNEY GUSMAN
FREE-LANCE PARA A FOLHA

No cinema, é conhecida a história de personagens que, do nada, recebem nas palmas das mãos os estigmas (as marcas das chagas de Cristo). Um exemplo recente é "Stigmata", com Gabriel Byrne, de 1999. Mas, nas HQs, o assunto nunca teve uma abordagem marcante. Até agora!
É o que acontece em "Estigmas" (192 páginas, R$ 34), livro dos italianos Lorenzo Mattotti e Claudio Piersanti, lançado pela Conrad Editora.
A história começa com um homem (cujo nome não é dito no álbum) que sonha com uma criança dizendo que ele deixaria de sofrer. Ao acordar, suas mãos estão com grandes feridas, que sangram muito. Após receber essa graça indesejada, sua vida se transforma. Ele passa a ser visto como um "santo", perde o emprego e foge da cidade. Aí, encontra uma mulher legal, casa-se com ela e resolve ganhar uns trocados com seus estigmas, que, castigo divino ou não, param de sangrar pouco antes de a moça morrer.
Em meio a tantas dores, dúvidas, crueldades, alucinações e esclarecimentos, o destaque vai para Mattotti, que está mais para artista plástico que para quadrinhista. Seus desenhos são cheios de rabiscos em todas as direções, mas atribuem uma narrativa precisa à trama. Numa história que é boa, porém, não é brilhante, com o perdão do trocadilho, seu talento é o grande estigma do álbum.


Sidney Gusman é editor-chefe do www.universohq.com
balao@folha.com.br


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