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Eles querem você
ARMAS PARA ATRAIR JOVENS, ADITIVOS DE CIGARROS TERÃO USO RESTRITO NO BRASIL
TARSO ARAUJO
DE SÃO PAULO
Jeferson Balbino, 20, colocou um cigarro na boca pela
primeira vez aos 17 anos.
"Achei o gosto horrível,
amargo, forte". Foi seu primeiro e último cigarro.
A primeira experiência de
Júlia*, 16, foi aos 15, com um
cigarro diferente, de cravo e
canela, adocicado. Ela continua fumando até hoje, e prefere cigarros com sabor. "É
mais gostoso. E o gosto forte
de fumaça fica mais suave."
Para os especialistas, o tal
gostinho é uma arma importante para atrair novos fumantes. Cigarros assim, com
aditivos que diminuem a
sensação ruim de uma tragada, são os preferidos de 44%
dos jovens de 13 a 15 anos que
fumam regularmente, diz
uma pesquisa do Inca (Instituto Nacional do Câncer).
"O adolescente tem que
vencer a barreira do gosto
ruim para se tornar fumante.
Estudos da própria indústria
mostram como os aditivos
tornam a primeira experiência menos traumática", diz
Tânia Cavalcante, especialista em tabagismo do Inca.
DIAS CONTADOS
Mas os cigarros com aditivos estão com os dias contados. No dia 20, a OMS (Organização Mundial da Saúde)
aprovou uma recomendação
para restringir o uso dessas
substâncias nos cigarros.
No Canadá e nos Estados
Unidos, elas já foram total ou
parcialmente banidas. No
Brasil, deve rolar o mesmo.
Nesta semana, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária deve abrir em seu site
(anvisa.gov.br) consulta
pública para formular a lei
que vai restringir o uso de
aditivos. Qualquer cidadão
pode ajudar. Opiniões serão
usadas na elaboração da lei.
"O cigarro vai ser menos
atraente para o jovem. Certamente vamos reduzir a iniciação", avalia Tânia.
OUTRO LADO
Questionado sobre o assunto, Humberto Conti, gerente de ciência da Souza
Cruz, diz que "nossos cigarros têm gosto de cigarro, não
de chiclete, bala ou bombom. E nossa comunicação é
direcionada para adultos fumantes." Os adolescentes,
diz, "não representam nada
para nós, nossos produtos
não são para eles".
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