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Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br
Coachella bota bandas no devido lugar
SE UMA explosão nuclear não destruiu o
mundo, aconteceu nesse fim de semana
o festival Coachella, o maior de rock nos
EUA (escrevo na sexta à tarde, antes de o evento começar).
E nada como analisar a distribuição das
atrações pelos cinco (!) palcos para entender
as profundas diferenças entre os mercados de
música inglês e americano.
Sabe aquelas
bandas adoradas
pela imprensa
britânica, que a
gente, olhando
daqui de longe, fica com a impressão de que estão
dominando o
mundo? Pois
bem, nada como
um festival nos
EUA para colocá-las em seus devidos lugares, como
diz um amigo
meu.
Exemplos: Klaxons e Cansei de
Ser Sexy, que
bombam geral no
Reino Unido, estavam escalados para tocar ontem, no
quarto palco do festival, em plena tarde californiana,
com sol a pino e um calor infernal.
Hot Chip, Fratellis, Peter Bjorn & John e !!! a mesma
coisa, quarto palco, de tarde, só que no sábado.
Na sexta-feira, idem: um monte de bandas ótimas, tipo Noisettes, Tokyo Police Club e Tilly and the Wall,
também despachadas para o quarto palco, de tarde, derretendo no deserto.
Nos EUA, o mais importante mercado do planeta, nada é 100% indie. Nem um festival supostamente indie,
como o Coachella.
Quem segura a onda são as bandas que vendem e são
famosas de verdade: Rage Against the Machine (principal atração do primeiro palco, ontem) e Red Hot Chili
Peppers (principal do segundo palco, no sábado). Não
foi só coincidência que a sexta-feira, com o "headliner"
de menor apelo, Björk, foi o dia que menos gente atraiu.
Há muitos anos, entrevistando um lendário editor
americano, Ben Fong-Torres, fiz várias perguntas sobre
revistas inglesas, como se fosse a coisa mais natural do
mundo. Ele respondeu que não acompanhava de perto
as publicações britânicas. Ali caiu a ficha: EUA e Inglaterra são muito diferentes. Nunca mais esqueci a lição.
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