São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br

Importante mesmo era Rogério Duprat

HOJE O Brasil tem um novo presidente, mas o que me interessa mesmo não aconteceu ontem, e sim quinta-feira passada: a morte de um brasileiro genial, o maestro Rogério Duprat, aos 74 anos.
Eu ainda era criança quando Duprat, Mutantes e um grupo de jovens baianos viraram a música brasileira de cabeça para baixo.
Se os amantes da música então tida como séria desprezavam as canções populares, o maestro Duprat, de sólida formação clássica, ignorou esse preconceito e deu base orquestral às loucuras tropicalistas. Não havia mais fronteira entre bom e mau gosto, entre popular e erudito, entre poesia e deboche.
Eram jovens que olhavam para o mundo, cosmopolitas, inconformados. Ouvir o disco "Tropicália", ainda hoje, transmite uma sensação de inquietude que talvez nunca mais tenha se repetido na música brasileira, mesmo em outros de seus pontos de inflexão, como os Secos e Molhados e o Sepultura.
É triste ver como se diluiu, anos depois, toda essa vontade de mudar.
Uma das vertentes baianas transformou-se em "establishment", arvorou-se o título de parâmetro absoluto do que pode ou não pode na MPB. Se algum novo talento surge, tem de beijar a mão do padrinho. Melhor ainda se cantar com os mesmos maneirismos do senhor intocável, reproduzir o timbre dele, compuser com a mesma temática, (sempre voltada às questões "brasileiras").
Pelo que sei, Rogério Duprat havia muito mantinha-se afastado da produção musical. Não sei como seu espírito inquieto se sentiria nesse lamaçal morno e conformista em que se transformaram o Brasil, hoje com "novo" presidente, e a música popular brasileira.

CD PLAYER

PLAY: WWW.TVUNETWORKS.COM///
Recomendei semana passada, repito: TVs de todo o mundo, no seu computador. Sensacional. Aproveite enquanto dura.

PAUSE: "BEST STOP SHOP", THE OOLAHS///
O som "shoegazer" inglês dos anos 90 ressuscitou nesse grupo americano. Um pause quase play.

EJECT: ROGER WATERS NO BRASIL///
Quem ainda precisa de Pink Floyd? Sim, eu sei, milhões ainda precisam. Eu, não.


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