São Paulo, segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

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Perseguição digital

CONHEÇA OS "STALKERS", EM FUÇAR A VIDA DOS OUTROS

FABIO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem nunca espionou o perfil alheio que atire a primeira pedra! Seja de amigo, desconhecido ou famoso: são poucos os que não cederam à tentação de bisbilhotar os "rastros digitais".
Quem tem a prática como hábito ganhou um nome: "stalker" (do verbo "stalk", perseguir em inglês).
"Faço isso o tempo todo. Quando conheço alguém, logo pesquiso se o que ela disse sobre si era verdade ou mentira", conta Jordânia Santiago, 24. Para ela, a chave são o Google E as redes sociais, como Orkut e Facebook.
Há técnicas mais avançadas para "stalkear", como criar perfis fictícios. É o caso de Cesar Martins, 22.
"[Persigo] amigos com os quais não tenho mais contato e pessoas com quem um dia mantive uma relação. Dificilmente vou atrás de quem não conheço", explica o proprietário da comunidade "Stalker Pride" no Orkut, com mais de mil membros.
Para a psicóloga Andrea Jotta, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP, ser "stalker" não é algo necessariamente ruim.
"É o antigo papel da vizinha que ficava na janela acompanhando a vida alheia. Só que, agora, a janela é uma tela", diz.
Como hoje tem muita gente que faz da vida um livro virtual aberto, ficou fácil.
Segundo estudo da McAffe, 25% dos jovens entre 13 e 17 anos já tiveram informações pessoais publicadas on--line sem consentimento.
Para a psicóloga, não é a mania de superexposição que alimenta um "stalker", mas a velha e boa curiosidade. "Uma foto ou um depoimento não correspondem ao âmbito total de nenhuma pessoa. Essa lacuna é preenchida pelas nossas fantasias", pondera.
Estar do lado do "perseguido", no entanto, pode ser bem complicado.
A estudante Daniela*, 25, sentiu isso na pele. Uma ex-namorada criou perfis fictícios para persegui-la.
"Não tenho mais paz, pois ela tenta adicionar todos os meus amigos para me difamar. Desconfio até da minha sombra", explica.
"Leis e questões morais devem valer no mundo digital da mesma maneira que no real", comenta Andrea, ressaltando a necessidade de um maior cuidado ao divulgar informações pessoais.
Para os "stalkers", a psicóloga aconselha reflexão. "Vale a pena perder uma saída com os amigos ou deixar de trabalhar para correr atrás dessas informações?".


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