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CINEMA
Fãs largam livros na metade e deixam de ver filme; Harry Potter teria perdido a magia?
O feitiço do tempo
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
Harry Potter não aprendeu na Hogwarts o feitiço que ele mais vai precisar na próxima sexta-feira, quando estréia "O Prisioneiro de Azkaban": convencer os jovens de que ainda vale a pena
continuar a ler a série de livros ou assistir
às adaptações deles para o cinema.
Potter, agora com 13 anos, volta à Hogwarts para o terceiro ano na escola de
bruxaria. Só que, é claro, nem tudo está
bem para o lado dele: o prisioneiro Sirius
Black, um temido "serial killer", foge do
presídio de bruxos que dá nome ao livro
para ameaçar a vida do protagonista.
Para o terceiro Harry Potter, que já tem
cinco livros escritos pela atual milionária
J. K. Rowling, foi escalado um novo diretor (o mexicano Alfonso Cuarón, de "E
Sua Mãe Também") e um velho elenco
(o inglês Daniel Radcliffe tem quase 16
anos e faz o papel de Harry Potter aos 13).
"Tenho o último livro ["Harry Potter e
a Ordem da Fênix"], mas não terminei.
Estou desanimada, não estou a fim de
terminar. Dos filmes, só vi o primeiro.
Achei uma porcaria tão grande, cortaram toda a história. Demorou um tempão para ficar pronto para nada", diz
Ariela Kilinsky, 14, que já foi "pottermaníaca", mas ficou decepcionada com os
livros. "Harry Potter se tornou um produto, e a história se perdeu. Não é mais literatura, é comércio."
Ariela reclama da maneira como a autora descreve a transição da infância para
a adolescência de Potter. "A história ficou parada no momento em que ele tem
11 anos. Ele não amadureceu. A escritora
usa clichês para falar da adolescência, dizendo só que ele ficou mais irritado, mas,
na verdade, ele continua uma criança. O
prazo de validade da história venceu."
Ariela está lendo o best-seller "O Código Da Vinci", de Dan Brown, e terminou
há pouco "A Hora da Estrela", de Clarice
Lispector. "Minha relação com Harry
Potter é como a de um casamento quando acaba: foi boa enquanto durou."
História cansativa
O jovem ator Andrez Ghizze, 15, acha
que a saga de Potter ficou cansativa. Ele
leu o primeiro livro ("Harry Potter e a Pedra Filosofal") e desistiu de acompanhar
o segundo ("Harry Potter e a Câmara Secreta") logo no começo.
"É sempre a mesma coisa. Acho que a
história tem de terminar quando está no
auge, senão fica cansativa. Mesmo assim,
pretendo assistir ao novo filme, apesar de
não ter visto o segundo. Tenho amigos
que viram e podem me contar como é."
André Shusyd, 14, leu todos os livros e
gostou, mas acha que a adaptação para o
cinema estraga a imaginação e faz com
que as pessoas deixem de ler.
"Desde o começo, eu sabia que o filme
modificaria a minha visão do livro, como
a da personalidade do Rony, que parece
mais medroso no filme. Eu também imaginava o professor Snape com um perfil
diferente, sem os cabelos longos do filme.
Quando fui ler os outros livros, passei a
imaginá-lo como no filme", conta André,
que também considera o ator Daniel
Radcliffe velho para o papel de Potter.
"Prejudica muito, pois, no filme, ele
tem 13 anos, mas o ator, na verdade, é
bem mais velho."
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