São Paulo, segunda-feira, 31 de maio de 2004

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CINEMA

Fãs largam livros na metade e deixam de ver filme; Harry Potter teria perdido a magia?

O feitiço do tempo

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

Harry Potter não aprendeu na Hogwarts o feitiço que ele mais vai precisar na próxima sexta-feira, quando estréia "O Prisioneiro de Azkaban": convencer os jovens de que ainda vale a pena continuar a ler a série de livros ou assistir às adaptações deles para o cinema.
Potter, agora com 13 anos, volta à Hogwarts para o terceiro ano na escola de bruxaria. Só que, é claro, nem tudo está bem para o lado dele: o prisioneiro Sirius Black, um temido "serial killer", foge do presídio de bruxos que dá nome ao livro para ameaçar a vida do protagonista.
Para o terceiro Harry Potter, que já tem cinco livros escritos pela atual milionária J. K. Rowling, foi escalado um novo diretor (o mexicano Alfonso Cuarón, de "E Sua Mãe Também") e um velho elenco (o inglês Daniel Radcliffe tem quase 16 anos e faz o papel de Harry Potter aos 13).
"Tenho o último livro ["Harry Potter e a Ordem da Fênix"], mas não terminei. Estou desanimada, não estou a fim de terminar. Dos filmes, só vi o primeiro. Achei uma porcaria tão grande, cortaram toda a história. Demorou um tempão para ficar pronto para nada", diz Ariela Kilinsky, 14, que já foi "pottermaníaca", mas ficou decepcionada com os livros. "Harry Potter se tornou um produto, e a história se perdeu. Não é mais literatura, é comércio."
Ariela reclama da maneira como a autora descreve a transição da infância para a adolescência de Potter. "A história ficou parada no momento em que ele tem 11 anos. Ele não amadureceu. A escritora usa clichês para falar da adolescência, dizendo só que ele ficou mais irritado, mas, na verdade, ele continua uma criança. O prazo de validade da história venceu."
Ariela está lendo o best-seller "O Código Da Vinci", de Dan Brown, e terminou há pouco "A Hora da Estrela", de Clarice Lispector. "Minha relação com Harry Potter é como a de um casamento quando acaba: foi boa enquanto durou."

História cansativa
O jovem ator Andrez Ghizze, 15, acha que a saga de Potter ficou cansativa. Ele leu o primeiro livro ("Harry Potter e a Pedra Filosofal") e desistiu de acompanhar o segundo ("Harry Potter e a Câmara Secreta") logo no começo.
"É sempre a mesma coisa. Acho que a história tem de terminar quando está no auge, senão fica cansativa. Mesmo assim, pretendo assistir ao novo filme, apesar de não ter visto o segundo. Tenho amigos que viram e podem me contar como é."
André Shusyd, 14, leu todos os livros e gostou, mas acha que a adaptação para o cinema estraga a imaginação e faz com que as pessoas deixem de ler.
"Desde o começo, eu sabia que o filme modificaria a minha visão do livro, como a da personalidade do Rony, que parece mais medroso no filme. Eu também imaginava o professor Snape com um perfil diferente, sem os cabelos longos do filme. Quando fui ler os outros livros, passei a imaginá-lo como no filme", conta André, que também considera o ator Daniel Radcliffe velho para o papel de Potter.
"Prejudica muito, pois, no filme, ele tem 13 anos, mas o ator, na verdade, é bem mais velho."


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