São Paulo, segunda-feira, 31 de maio de 2010

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ANÁLISE

Tipos jovens servem mais à publicidade do que à narrativa

BIA ABRAMO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Malhação" poderia aproveitar o aniversário de 15 anos para começar a ser mais... adolescente. Adolescência não é aquele período confuso, doloroso, maluco, contestador, ambíguo? Então, o que menos se vê na novelinha da Globo é isso.
Sim, os meninos e meninas lindos do casting esperto de "Malhação" têm problemas, às vezes, bem cabeludos e barra-pesada. Mas, no fim, tudo se resolve de uma maneira ou de outra: com a lei, a ordem, a medicina e a autoridade dos mais velhos.
Claro, há embates entre as vontades jovens de autonomia e as regras paternas ou escolares. Há conflitos entre os adolescentes ajustados e os mais conturbados.
Mas falta aquele não sei quê da busca juvenil que não se resolve na equação "para cada problema há uma solução". A adolescência é um problema em si, que não se resolve, nem virando adulto.
Além desse aspecto, digamos, de fundo, a outra grande questão de "Malhação" é fruto da incapacidade quase patética de a televisão olhar para o mundo real e, daí, tirar suas histórias. Novelas e minisséries da Globo, com raríssimas exceções, sempre olharam para os jovens como representantes de tipos e tribos -o que serve mais à publicidade do que à narrativa.
Agora, por que persiste, se é tão precário? Talvez porque seja dos poucos espelhos que os adolescentes têm na TV aberta. Mesmo que de forma distorcida, se há alguma coisa que adolescente realmente precisa, essa coisa é se enxergar.


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