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ANÁLISE
Tipos jovens servem mais à publicidade do que à narrativa
BIA ABRAMO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Malhação" poderia aproveitar o aniversário de 15
anos para começar a ser
mais... adolescente. Adolescência não é aquele período
confuso, doloroso, maluco,
contestador, ambíguo? Então, o que menos se vê na novelinha da Globo é isso.
Sim, os meninos e meninas lindos do casting esperto
de "Malhação" têm problemas, às vezes, bem cabeludos e barra-pesada. Mas, no
fim, tudo se resolve de uma
maneira ou de outra: com a
lei, a ordem, a medicina e a
autoridade dos mais velhos.
Claro, há embates entre as
vontades jovens de autonomia e as regras paternas ou
escolares. Há conflitos entre
os adolescentes ajustados e
os mais conturbados.
Mas falta aquele não sei
quê da busca juvenil que não
se resolve na equação "para
cada problema há uma solução". A adolescência é um
problema em si, que não se
resolve, nem virando adulto.
Além desse aspecto, digamos, de fundo, a outra grande questão de "Malhação" é
fruto da incapacidade quase
patética de a televisão olhar
para o mundo real e, daí, tirar
suas histórias. Novelas e minisséries da Globo, com raríssimas exceções, sempre
olharam para os jovens como
representantes de tipos e tribos -o que serve mais à publicidade do que à narrativa.
Agora, por que persiste, se
é tão precário? Talvez porque
seja dos poucos espelhos que
os adolescentes têm na TV
aberta. Mesmo que de forma
distorcida, se há alguma coisa que adolescente realmente precisa, essa coisa é se enxergar.
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