São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TECNO
Internet via telefone celular é 102 de playboy

Caro e ainda com poucos recursos, celular WAP não vai muito além de um auxílio à lista
ALEXANDRE VERSIGNASSI

ESPECIAL PARA A FOLHA

Qualquer novidade, em qualquer campo, costuma ser recebida de braços abertos. Só que, às vezes, a empolgação pode ser infundada. É o que acontece com o WAP (sigla em inglês para protocolo de aplicações sem fio), o padrão que permite a telefones celulares o acesso à Internet.
Propagandeada como uma materialização do futuro, a coisa pode decepcionar à primeira vista. Quem esperava ver nos telefones com acesso à rede uma tecnologia digna da nave Enterprise, acaba, de cara, deparando-se com a lerdeza da conexão de 14,4 Kbps -contra 56 Kbps de um modem comum- e com a dificuldade de achar algo de útil para fazer com a geringonça.
Para começar, o navegador do aparelho não tem nada a ver com um Explorer ou um Netscape da vida. Trata-se de uma lista vertical com uma dúzia de itens, pobre que só ela. Nesse rol, você seleciona um dos tópicos, como "Lazer". Dentro dele, haverá algumas opções, como "teatro", "cinema" e tal.
Você acessa "cinema", por exemplo, e vê no que dá. Se fosse na Internet fixa, a quantidade de coisas que apareceriam a partir de um verbete desses seria obscena. Mas, na rede móvel, em vez de resenhas ou mesmo horários de filmes, tudo o que você vai conseguir é o telefone da sala de projeção que você escolheu.
Até que é bonitinho, já que aparece o número, e o celular pode começar a discá-lo automaticamente. Mas, convenhamos, não vai adiantar muito pedir a opinião da moça da bilheteria do Espaço Unibanco sobre o filme espanhol "Entre as Pernas", que está em cartaz lá.
Resumindo: para pegar o telefone do cinema, e nada mais, você gastou pelo menos cinco minutos para conseguir conectar seu celular à rede WAP e navegar pela monocromática lista. Em dinheiro, esse tempo de uso equivale a R$ 2,10. Mas isso se você for um dos felizardos donos de um celular pós-pago. Para a massa, que só usa os pré, a tarifa de navegação é R$ 0,80 por minuto. Assim, a jornada até a moça da bilheteria do tal cinema sai por R$ 4,80, mais cara que uma meia-entrada. O pior é que, se você tivesse usado o velho serviço 102, conseguiria o mesmo número de telefone, gastando apenas R$ 0,87.
Apesar de tudo, os aparelhinhos WAP recebem e-mails. E poder ler suas mensagens no ônibus ou no boteco é muito legal. Só que responder a elas, usando o celular, é outra história. Escrever um breve "E aí, beleza?" com aquelas teclas de telefone é uma tarefa que pode roubar alguns preciosos minutos da sua vida. Tudo bem que esse problema terá solução quando os programas de reconhecimento de voz melhorarem, mas talvez isso ainda não aconteça nem no dia em que der para ver filmes no celular.
E-mail - aversignassi@uol.com.br


Texto Anterior: Eu leio: Wanderléa
Próximo Texto: Internotas: "Napster of Puppets"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.