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TECNO
Internet via telefone celular é 102 de playboy
Caro e ainda com poucos recursos, celular WAP não vai muito além de um auxílio à lista
ALEXANDRE VERSIGNASSI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Qualquer novidade, em qualquer campo, costuma ser recebida de braços abertos. Só que,
às vezes, a empolgação pode ser infundada. É o
que acontece com o WAP (sigla em inglês para
protocolo de aplicações sem fio), o padrão que
permite a telefones celulares o acesso à Internet.
Propagandeada como uma materialização do
futuro, a coisa pode decepcionar à primeira vista. Quem esperava ver nos telefones com acesso
à rede uma tecnologia digna da nave Enterprise,
acaba, de cara, deparando-se com a lerdeza da
conexão de 14,4 Kbps -contra 56 Kbps de um
modem comum- e com a dificuldade de achar
algo de útil para fazer com a geringonça.
Para começar, o navegador do aparelho não
tem nada a ver com um Explorer ou um Netscape da vida. Trata-se de uma lista vertical com
uma dúzia de itens, pobre que só ela. Nesse rol,
você seleciona um dos tópicos, como "Lazer".
Dentro dele, haverá algumas opções, como "teatro", "cinema" e tal.
Você acessa "cinema", por exemplo, e vê no
que dá. Se fosse na Internet fixa, a quantidade de
coisas que apareceriam a partir de um verbete
desses seria obscena. Mas, na rede móvel, em
vez de resenhas ou mesmo horários de filmes,
tudo o que você vai conseguir é o telefone da sala
de projeção que você escolheu.
Até que é bonitinho, já que aparece o número,
e o celular pode começar a discá-lo automaticamente. Mas, convenhamos, não vai adiantar
muito pedir a opinião da moça da bilheteria do
Espaço Unibanco sobre o filme espanhol "Entre
as Pernas", que está em cartaz lá.
Resumindo: para pegar o telefone do cinema,
e nada mais, você gastou pelo menos cinco minutos para conseguir conectar seu celular à rede
WAP e navegar pela monocromática lista. Em
dinheiro, esse tempo de uso equivale a R$ 2,10.
Mas isso se você for um dos felizardos donos de
um celular pós-pago. Para a massa, que só usa os
pré, a tarifa de navegação é R$ 0,80 por minuto.
Assim, a jornada até a moça da bilheteria do tal
cinema sai por R$ 4,80, mais cara que uma meia-entrada. O pior é que, se você tivesse usado o velho serviço 102, conseguiria o mesmo número
de telefone, gastando apenas R$ 0,87.
Apesar de tudo, os aparelhinhos WAP recebem e-mails. E poder ler suas mensagens no
ônibus ou no boteco é muito legal. Só que responder a elas, usando o celular, é outra história.
Escrever um breve "E aí, beleza?" com aquelas
teclas de telefone é uma tarefa que pode roubar
alguns preciosos minutos da sua vida. Tudo
bem que esse problema terá solução quando os
programas de reconhecimento de voz melhorarem, mas talvez isso ainda não aconteça nem no
dia em que der para ver filmes no celular.
E-mail - aversignassi@uol.com.br
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