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Refúgio no Brasil

Crianças sírias que moram em SP falam do medo que passaram na guerra e da saudade de seu país

TASSIA MORETZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A guerra da Síria já deixou mais de 100 mil mortos, e pelo menos 2,3 milhões de sírios se refugiaram em outros países. Desse total de pessoas que estão longe de casa, familiares, amigos, mais de 1 milhão são crianças.

A maioria vai para países vizinhos, mas alguns, para mais longe, e o Brasil está entre os que os recebem. Perto de 300 vieram para cá, sendo cerca de 40 crianças. A "Folhinha" conversou com 23 sírios de uma mesma família que moram no interior de São Paulo (os nomes usados na reportagem não são reais, para proteger as crianças).

O abrigo é a casa da tia Eva, que veio da Síria há 65 anos. Além dos adultos, há crianças e adolescentes, de um recém-nascido a um rapaz de 17 anos. De avião, em viagem de 23 horas, trouxeram pouca coisa na mala, mas muitas lembranças dos dias difíceis.

Taís, 6, se lembra de quando teve de fugir às pressas. "Era noite, ficaram batendo na porta, empurrando. Eu, minha mãe e minha irmã ficamos chorando, não sabíamos quem era. Queriam nos matar, mas não abrimos a porta. Conseguimos fugir para a casa da minha avó."

Agnes, 9, conta que sua casa foi escolhida por invasores para funcionar como fábrica de bombas. Disse sentir muitas saudades do avô, que ficou lá. Antes, conversavam pela internet, mas agora ele está sem energia elétrica, por isso não conseguem se falar.

Ana, 10, diz que teve de deixar para trás os brinquedos e amigos. E o pai --de quem não tem notícias há mais de quatro meses. Sua casa foi invadida, e ela fugiu com a mãe e a irmã para a casa dos avós. Mas a casa dos avós também foi invadida, e eles, agredidos.

Ana já fez amigos na escola e convive bem com as crianças brasileiras. Mas sente falta de seu país. "Antes da guerra, íamos brincar no parque, na casa de amigos. Íamos à praia, à piscina. Na guerra, a gente não podia fazer nada, só ficava em casa."

A escola, conta, foi destruída por bombas. "A mesma coisa aconteceu com o nosso carro e a nossa casa." Na Síria, juntava balas de revólver numa caixa para se distrair. No Brasil, estuda e ajuda a mãe a vender comida típica. Mas queria voltar para o seu país. "Gostaria que a Síria voltasse a ser como antes: bonita."


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