São Paulo, sábado, 1 de dezembro de 2012

CAFUNÉ

Pés roxos

CLARICE REICHSTUL
COLUNISTA DA FOLHA

Amoreira carregadinha, promessa de felicidade roxa, preta e vermelha.
As mais escuras são as mais doces, mas, no afã da coleta, pegamos as possíveis. Uma ou outra vermelha vem para a tigela. Já estamos na terceira, e os meninos parecem não querer parar de pegar as frutas maduras da árvore baixa, bem amiga dos pequenos. Camisetas, barrigas, mãos e pés roxos. Aliás, pés muito roxos.
A barriga vai enchendo e se estufando de amoras. Cuidado, depois dá dor de barriga! Mas ninguém se importa com isso, afinal, não é todo dia que você se depara com uma árvore dessas cheia, com as frutas à altura da mão. E vamos enchendo a tigela.
Os pés são realmente um espetáculo à parte. De tanto esmagar amoras maduras no chão, ficam quase pretos. Depois, o pé fica azul e, por fim, cinza meio preto, que demora mais de uma semana pra sair.
E toca trepar na árvore, sacudir os ramos para alcançar aquela pretinha lá em cima, muito gorda e convidativa.
Quando voltamos com as tigelas cheias, os adultos gulosos comem as amoras aos punhados, felizes de lembrar de sua própria infância. E as crianças? Bom, essas já correram para o banheiro, afinal, ninguém come tigelas e tigelas de amoras impunemente.
A temporada das amoras acabou de passar e vai deixar saudades.

Texto Anterior | Índice


Copyright Folha Online. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página
em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folha Online.