São Paulo, sábado, 5 de fevereiro de 2011

mundo

Oriente-se

Em países do mundo árabe, milhares de pessoas protestam nas ruas contra ditaduras

FÁBIO ZANINI
EDITOR DE MUNDO

Mohamed Bouazizi era um jovem de 26 anos que vendia frutas e vegetais em Sidi Bouzid, uma cidadezinha na Tunísia, país no norte da África. Em 17 de dezembro do ano passado, uma policial confiscou sua barraca. Mohamed, indignado com a atitude e cansado de sofrer na mão de autoridades, ateou fogo ao próprio corpo, num gesto de protesto.
Sua história é triste, mas sua morte provocou a maior onda de protestos da história do mundo árabe. O que aconteceu com aquele rapaz, que acabou morrendo, causou a revolta de pessoas que estavam engasgadas havia muito tempo com autoridades corruptas. E também com a falta de empregos e de liberdade. As ditaduras são comuns naquela região.
Na Tunísia, em dezembro e em janeiro, milhares de pessoas saíram às ruas para protestar, provocando a fuga do ditador Zine Ben Ali. Muitas organizaram os protestos com ajuda da internet.
Rapidamente, a fúria se espalhou por outros países do Oriente Médio, como Jordânia, Iêmen e, principalmente, o Egito.
No Egito, centenas de milhares de pessoas começaram a fazer manifestações quase diárias na semana passada. Mais de 300 egípcios morreram em conflitos com a polícia, protestando contra o ditador Hosni Mubarak, que está no poder desde 1981.
Ainda não se sabe até onde vai essa onda de manifestações no Oriente Médio, uma região rica em petróleo, onde quase toda a população fala árabe e é muçulmana (a principal exceção é Israel, onde a maioria é de judeus).
Essa parte do mundo sempre foi famosa por pirâmides, camelos e desertos. Mas , desde dezembro, as revoltas populares contra regimes autoritários é que estão chamando a atenção por lá...

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TUNÍSIA
Foi onde tudo começou. Até dezembro, era um país tranquilo, cheio de praias e desertos, onde europeus iam passar férias. Mas uma multidão na rua derrubou o ditador Zine Ben Ali, que estava no poder desde 1987. As coisas ainda não estão calmas por lá. A população quer mais liberdade.

PALESTINA E ISRAEL
É um dos conflitos mais antigos da região. Os palestinos querem ter um país próprio, em áreas hoje ocupadas por Israel, Estado formado em sua maioria por judeus. Para piorar, dois grupos palestinos competem entre si: o Hamas, na faixa de Gaza, e o Fatah, que governa a Cisjordânia.

JORDÂNIA
É uma monarquia, governada pelo rei Abdullah 2º. Diferentemente de lugares como o Reino Unido, na Jordânia o monarca manda de verdade. Protestos começaram a pipocar por lá, e o rei, antecipando-se a uma revolta, decidiu trocar seus ministros. O país é um dos grandes aliados dos EUA na região.

EGITO
É o país mais importante da região. Tem a maior população, um Exército poderoso e uma economia forte. Por isso o que ocorre no Egito reflete em todo o Oriente Médio. É também um tradicional aliado dos EUA. Lá, o ditador Hosni Mubarak enfrenta protestos desde a semana passada.

LÍBANO
Vive a divisão entre grupos religiosos: cristãos, drusos, xiitas e sunitas. Passou por uma sangrenta guerra civil entre 1975 e 1990. O Hizbollah, um partido e grupo armado xiita, é poderoso e defende a destruição de Israel, com quem vive em tensão. Tem um novo governo, apoiado por grupos radicais.

IÊMEN
É mais um dos aliados do governo americano e mais um governado por um ditador. No caso, é Ali Abudllah Saleh, no poder desde 1978. O país tem merecido muita atenção dos EUA, porque lá existem grupos clandestinos da rede terrorista Al Qaeda, a dos atentados de 11 de setembro de 2001.

IRÃ
É uma teocracia, ou seja, um país que é governado por um líder religioso, no caso o aiatolá Khamenei. Seu presidente é o polêmico Mahmoud Ahmadinejad, que pede a destruição de Israel e é inimigo jurado dos EUA. Os norte-americanos o acusam de querer construir armas nucleares, o que ele nega.

IRAQUE
Até 2004, era governado pelo ditador Saddam Hussein, até ele ser deposto por uma invasão americana. Desde então, o país vive instável, com frequentes bombardeios e atentados terroristas. Tem um governo eleito democraticamente, mas ainda dá muita dor de cabeça para os soldados americanos.

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