São Paulo, sábado, 6 de abril de 2013

Cafuné

Meninos em dúzia

CLARICE REICHSTUL
COLUNISTA DA FOLHA

Lá no fundo da caverna escura, nas profundezas profundas do planeta Marte, uma sineta toca. Logo, outra começa a tocar também. E mais uma aqui, outra ali; agora bimbalham freneticamente centenas de sinetas de sons claros e luminosos.
As aranhas de Marte, tricotando em suas teias, pulam de susto com a barulheira e já começam a esfregar as patas. O tocar dos sinos significa que as presas morderam as iscas! Três dúzias de meninos terrestres engancharam-se na linha de pesca intergaláctica e estão prontos para serem abduzidos para virarem empadinhas marcianas. A lista de ingredientes dessa delícia da cozinha espacial é extensa -além dos 36 garotos, vai uma porção de outras coisas que as aranhas demoram um bocado de tempo para reunir.
Mas, como elas são gulosas e pacientes, vão juntando os ingredientes com afinco e método. Só faltava mesmo as tais das três dúzias de meninos terrestres. Elas não tinham preconceito quanto à cor, sexo ou religião. Mesmo as crianças mais magrinhas rendiam um caldo delicioso, essencial para o sucesso da receita.
Na Terra, Bernardo já tinha se acostumado com o tal do fio transparente grudado em sua mão e guardava suas coisas na mochila para voltar para casa. Sentiu o fio puxar de levinho e não deu atenção.
E, num estante, zupt! Bernardo desapareceu da sala de aula, deixando os colegas em volta abestalhados.

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