São Paulo, sábado, 6 de outubro de 2012

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E a prefeitura vai para...

Candidatos relembram infância para a 'Folhinha'

LAURA MATTOS
EDITORA DA 'FOLHINHA'

Eleições costumam ser festa para crianças -especialmente quando adultos deixam que apertem os botões da urna. Amanhã, na primeira fase da votação, mais de 15 mil pessoas concorrem a vagas de prefeito das cidades brasileiras e mais de 400 mil às de vereador.
Nestas páginas, os quatro candidatos a prefeito de São Paulo com melhor desempenho nas pesquisas aparecem em fotos da infância, relembram aquele tempo e resumem propostas ligadas às crianças. Os dois que receberem mais votos passarão para a segunda fase e, no dia 28, um deles será escolhido para administrar a cidade por quatro anos.

RUSSOMANO
56 ANOS
Partido: PRB

Tive até jacaré no quintal

CELSO RUSSOMANNO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Tive uma infância muito feliz. Convivi com minha família rodeado por animais, inclusive silvestres, que, na época, eram permitidos [nas casas das pessoas]. Tivemos macacos, onças, jacarés, tudo no quintal de casa.
Sempre estudei em escola pública e, para quem não sabe, já fui artesão e vendia meus produtos na praça da República. Agradeço sempre a meus pais e à minha família por terem sido a base para o homem que sou hoje.

PROPOSTAS

1) Acabar com a progressão continuada (sistema de escolas públicas em que todos passam de ano, mesmo com nota baixa); 2) Investir em saúde, lazer, esporte e cultura (candidato não deu detalhes)



SERRA
70 ANOS
Partido: PSDB

Adorava ouvir novelas no rádio

JOSÉ SERRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Eu nasci em 19 de março de 1942, pelas mãos de uma parteira, na casa dos meus avós. Minha família morava na Mooca, que era o maior bairro operário de São Paulo. Até os quatro anos, eu dormia no quarto com os meus pais. Depois, fui "promovido": passei a dormir na sala.
Era muito ligado à minha avó Carmela. Ela tinha uma fé grande nas pessoas e estava sempre bem-humorada. À noite, com a minha mãe, Serafina, eu gostava de ouvir as novelas da rádio São Paulo. Às vezes, ia à casa do vizinho espiar meu pai, tio, avô e amigos jogarem cartas.
Quando a noite estava quente, íamos para a rua. Naquela época, as pessoas arrumavam cadeiras nas calçadas, nas portas das casas, e ficavam conversando e cantando. Até os dez anos, o quarteirão da vila onde morava era o centro do meu mundo.

PROPOSTAS

1) Plantar 200 mil árvores por ano; 2) criar 50 parques; 3) Criar três museus: do Automóvel, da Canção Brasileira e da Moda; 4) Fazer 150 Clube Escolas; 5) Tornar a Virada Esportiva tão popular quanto a Cultural; 6) Criar locais para a prática de esportes radicais; 7) Criar creches; 8) Duplicar o número de livros distribuídos pelo programa Minha Biblioteca; 9) Ampliar a jornada escolar para sete horas; com aulas de artes, línguas e esportes; 10) Expandir as ciclofaixas (faixas das ruas para bicicletas), com rotas que liguem os parques e outras áreas de lazer



HADDAD
49 ANOS
Partido: PT

Minha vida era clube, escola e TV

FERNANDO HADDAD
ESPECIAL PARA A FOLHA

Por volta dos 12 anos, minha vida era meio "escola, clube e televisão".
Estudava no colégio Ateneu Ricardo Nunes, sempre fui bom aluno e tirava nota alta, mas não era de estudar muito. Sou filho do meio, tenho duas irmãs, e nossas turmas de amigos eram diferentes. Nos dias de semana, brincava muito na rua, com os amigos do bairro Planalto Paulista. Andava muito de bicicleta e jogava bola nos terrenos baldios, naquela época ainda tinha muitos.
Também curtia jogar taco, que alguns chamam de "lata". Nos finais de semana, passava o sábado e o domingo inteiro no clube Sírio Libanês, que era perto de casa. Era quase um "acampamento de férias", a gente praticamente só voltava para casa para dormir no sábado à noite. O resto do tempo tinha muitas atividades, especialmente basquete e futebol. Nas férias, costumávamos visitar a família no interior.

PROPOSTAS
1) Expandir o Mais Educação, em que, após as aulas, alunos vão a Clubes Escolas, bibliotecas, exposições, museus etc; 2) Ampliar a jornada escolar para sete horas; 3) Incluir ensino de música e educação artística; 4) Criar laboratórios de ciências e artes nas escolas; 5) Construir auditórios, quadras poliesportivas cobertas, ginásios e parque de esportes radicais; 6) Atualizar as bibliotecas dos CEUs e salas de leitura das escolas; 7) Garantir banda larga nas escolas; 8) Ampliar o Vai e Volta, inclusive para os estudantes com deficiência; 9) Construir 20 CEUs; 10) Criar a função do professor comunitário, que visita alunos em casa



CHALITA
43 ANOS
Partiso: PMDB

Como virei um escritor

GABRIEL CHALITA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Na cidade em que eu morava, Cachoeira Paulista (interior de SP), havia um asilo perto de casa. Frequentava esse asilo porque gostava de ouvir histórias de uma professora aposentada, de nome Ermelinda.
Ficava fascinado pela forma como falava. Eu não conhecia o significado de muitas palavras, pois tinha apenas cinco ou seis anos. Mesmo assim, aprendia e repetia em casa. Uma vez, minha mãe me perguntou: "Aonde vai?". Respondi, com ar de sabedoria: "Vou ao banheiro, mas, antes, vou fazer baldeação na cozinha!"
Com dona Ermelinda, tomei gosto pela leitura em voz alta: Dona Ermelinda foi perdendo a visão e eu lia histórias. Aos poucos, ela me incentivou a escrever. Seus filhos a abandonaram ali. Eu a adotei. Jamais a esquecerei. Com sua ajuda e amizade, tornei-me um escritor.

PROPOSTAS
1) Construir 1.200 creches; 2) Implantar as escolas em tempo integral ; 3) Incluir aulas de inglês, espanhol, teatro, música, arte e atividades culturais fora da escola; 4) Implantar o Programa de Acolhimento Infantil, com educadores, psicólogos, assistentes sociais e profissionais da área médica, que visitarão as casas de crianças com problemas na escola

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