São Paulo, sábado, 7 de julho de 2012

Cafuné

Língua verde

CLARICE REICHSTUL
COLUNISTA DA FOLHA

Língua verde é o nome dado a todas as folhas refogadas que entram no prato aqui em casa. Pode ser couve, espinafre, mostarda, taioba. É verde? Então vira língua verde!

Começou com a couve cortada fininha, às vezes refogada na manteiga, sempre com alho e sal. O Benjamim colocava um tanto na boca, deixava uns rabichos pra fora e saía com aquela língua verde comprida parecendo um lagarto correndo em volta da mesa.

Venhamos e convenhamos que falar ou ouvir "Oba! Hoje tem língua verde!" é muito mais legal do que "Hoje tem couve" ou "Vamos comer um espinafre refogadinho?". Fora que a língua verde pode ser de vários monstros e bichos diferentes. Às vezes é dragão, depois lagarto, na semana seguinte lagartixa.

Tem dias em que ele desconfia, acha que eu quero empurrar alguma coisa estranha sob um nome engraçado. Na verdade, ele tem razão: aproveito que a língua verde pode ser aplicada a qualquer folha e vou variando o prato.

Acho que todas as mães fazem isso, não é por mal nem é porque a gente gosta de fazer os filhos sofrerem com comidas horrorosas. Mas criança tem de comer prato colorido, comida verde e tudo que a gente aprende na escola das mães que é bom para os filhos. (Ah! A escola das mães não existe, mas do jeito que a coisa anda, aposto que daqui a pouco aparece uma. Se a sua mãe resolver entrar numa, não deixe. Dê um beijo e diga que vai comer toda a verdura que ela esquece essa bobagem.)

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