São Paulo, sábado, 8 de dezembro de 2012

CAFUNÉ

Troca de receitas

CLARICE REICHSTUL
COLUNISTA DA FOLHA

A Escola Estadual Ignês dos Santos Silva, em Carapicuíba (Grande São Paulo), fica no fim de uma ladeira, que sai de uma rua principal. Não é muito grande nem nada, suas instalações são simples, mas conservadas.
Lá estudam crianças do primeiro ciclo do ensino fundamental. Chego a uma classe do quinto ano. A algazarra é geral. O professor Reginaldo põe ordem na turma, cada um vai sentando em sua carteira, e o burburinho vai diminuindo. Dali a pouco, entra na classe um desfile: um menino soltando bolhas de sabão, uma menina vestida de dama de honra, um garoto fantasiado de pirata...
Começamos a conversar. O pessoal pergunta como é escrever, de onde vêm as ideias, de onde eu venho e, no final das contas, eu interrogo cada um sobre o que gosta de comer, o que tem plantado em casa, se sabe cozinhar e quais livros leu.
Nessa conversa, vamos descobrindo de onde cada um vem: um é da Nigéria, uma é descendente dos índios da antiga aldeia de Carapicuíba, um menino é gaúcho, uma menina vem de uma família baiana. Todo mundo ali sabe cozinhar alguma coisa além de salsicha e macarrão: bolo, biscoito, arroz e feijão, carne de panela e até sushi!
A visita vai terminando, aprendo a dançar funk com as funkeiras da classe, trocamos autógrafos e firmamos um combinado: cada um vai procurar as receitas de seus pais e avós para todos experimentarem em casa. Estou esperando as receitas, hein, pessoal?

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