São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2012

CAFUNÉ

O amigo Antonio

CLARICE REICHSTUL
COLUNISTA DA FOLHA

O meu amigo Antonio é uma pessoa engraçada. Ele canta ópera, é muito elegante e inteligente, escreve que é uma beleza. Tem dias em que ele me dá uns sustos e eu fico brava.
Quando eu estou triste, ele vem me socorrer, quando ele está triste, não se faz de rogado e pede atenção e carinho como um bichinho: o Antonio é o meu monstro de estimação.
Além de todas essas coisas acima, o Antonio às vezes se transforma numa criatura mitológica, fantástica, de outras eras.
Ele sobe num sapato-plataforma que ele construiu e fica com mais de dois metros de altura, veste uma máscara rosa de soldador com um galho de coqueiro feito um arranjo na cabeça (aí, dos dois metros ele passa facilmente para três!), luvas azuis, camisa feita de sacos de lixo pretos, uma calça estranha que numa perna é vermelha, amarela e branca e na outra é preta brilhante, com outro ramo de coqueiro amarrado na lateral.
Vestido assim, o Antonio adquire superpoderes: pode se teletransportar, ler pensamentos alheios, ficar invisível e o mais estranho de tudo, continuar cantando ópera.
Talvez seja um dos mistérios do Antonio, talvez seja mistério da própria natureza. Você pode me perguntar o que ele faz com tudo isso? E eu te respondo: nada, só canta ópera.

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