São Paulo, sábado, 14 de abril de 2012

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Peixinhos dourados

Crianças do Santos treinam como gente grande e sonham com o quase impossível: ser um Neymar

Ricardo Nogueira/Folhapress
Jogadores do sub- 11 do Santos brincam em ônibus após treino

LAURA MATTOS
EDITORA DA "FOLHINHA"

É possível saber quem vai ser um Neymar ao ver o time de crianças do Santos jogar?
Na segunda-feira, a "Folhinha" foi ao centro de treinamento Meninos da Vila, em Santos (litoral de SP), assitir ao treino do sub-11 -com meninos de dez e 11 anos, os mais novos a defender a camisa do clube, que completa 100 anos hoje.
Antes do aquecimento, o técnico Luciano Costa, 37, pergunta aos 29 garotos quem viu os jogos no fim de semana. Um deles diz que não, porque é caro ver o jogo pela TV paga, R$ 90. Após os exercícios e a partida, outra conversa com o "professor" (como jogadores chamam o técnico). "Troféu é como casa: cada um coloca um tijolo. Aqui não tem estrela, todos são iguais."
Para estar em um time como esse, não basta se destacar no futebol da escola ou da rua. "Seu" Abel, 70, que jogou com Pelé e hoje é supervisor das categorias de base (crianças e jovens que ainda não estão no time profissional), diz que muitas vezes um garoto "arrebenta" com os amigos, mas, diante do nível da equipe mirim do Santos, "não joga nada".
O clube manda "olheiros" à procura de talentos pelo país. Após a "peneira" (seleção) local, vem o teste final: eles precisam jogar bem com os meninos do Santos.
Os "peixinhos" (Peixe é apelido do Santos) têm ajuda mensal de até R$ 500, treinam três vezes por semana e precisam ir bem na escola. Muitos são pobres e se tornam a esperança de uma vida melhor para a família. Por lei, é proibido que menores de 16 anos tenham contrato, mas alguns já têm empresários, que fazem acordos com os pais.
É bem cedo, porém, para saber quem são os poucos que chegarão lá, dizem os treinadores. Ser um Neymar, então... Quase impossível. Mas os meninos sonham e correm sem parar naquela imensidão de campo.

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